Mas não existe no mundo mais beleza / Do que em Eva, a mulher do meu vizinho

Sou nascido e bem criado aqui na roça

Vivo aqui desde bem pequenininho

Mas mesmo sem sair do meu mundinho

Eu sei que há mais que mi’a palhoça

A vida aí por fora às vezes engrossa

Por isso fico aqui no meu cantinho

Ao som dos pássaros acordo bem cedinho

Pois tudo é belo o que habita a Natureza

Mas não existe no mundo mais beleza

Do que em Eva, a mulher do meu vizinho.

Tomo banho todo dia na cachoeira

E meu corpo seco ao calor do sol

No riacho pesco piabas de anzol

O que às vezes faço a tarde inteira

E à noitinha sob a lua feiticeira

Na rede faço amor com meu benzinho

No vai e vem da rede e do carinho

Me sinto como se fosse a realeza

Mas não existe no mundo mais beleza

Do que em Eva, a mulher do meu vizinho.

Numa dessas noites quentes de verão

Quando o Inferno se abre a Satanás

E quando o vento até nós na Terra trás

Um calor de matar qualquer cristão

Foi aí que houve uma bela ocasião

Quando olhei pra uma casa aqui pertinho

Vi uma mulher na janela, e escondinho

Vi a oitava maravilha, tenho certeza

Que não existe no mundo mais beleza

Do que em Eva, a mulher do meu vizinho.

O calor que abrasava o corpo dela

Fez com que logo ficasse despida

Parecia uma deusa grega esculpida

À vontade, e debruçada na janela

Óh, Meu Deus, eu pensei, que coisa bela!

Foi então que percebi Eva sorrindo

Viu que eu a vi, e quando ia saindo

Fez um jeito de quem curte a safadeza

Pois não existe no mundo mais beleza

Do que em Eva, a mulher do meu vizinho.

Numa bela noite enluarada e quente

Eu estava só, curtindo a solidão

Apareceu na janela a tentação

E subiu em meu corpo um fogo ardente

E de repente, não mais que de repente

Eu a beijei loucamente, e com jeitinho

Agarrei-a de cheio, com carinho

Santo Deus, que mulher mais carinhosa!

Pois não há coisa na vida mais gostosa

Do que Eva, a mulher do meu vizinho.

Poeta do Riacho
Enviado por Poeta do Riacho em 04/11/2008
Reeditado em 15/04/2009
Código do texto: T1265886