PAIXÕES
A vida é uma canção
Dela eu sou enamorada
No meu jardim planta flores
Que colho na alvorada
A noite dá-me as estrelas
E uma lua prateada
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Cozinhar em fogareiro
Galinha de capoeira
Numa panela de barro
No meio da fumaceira
Abanando o tempo todo
A pobre da cozinheira
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E no meio do pomar
Lá no fundo do quintal
Colher os frutos no chão
Para mim era normal
Depois brincar no balanço
Ó que infância legal!!!
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Uma coisa que gostava:
A sessão de matinê
Em Dio come ti amo
Foi que conheci você
Embora fosse menina
Adepta do bambolê
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O escritor tem razão
Ao descrever o poeta
Um ser todo especial
De natureza seleta
Que pinta sempre seus quadros
Com uma tinta secreta
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Meu verso sai num repente
Ligeiro feito um corisco
Tiro um som do violão
As suas cordas belisco
De um jeitinho carinhoso
Neste namoro me arrisco
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Na casa de Zé Filó
Hoje vai ter farinhada
O trabalho é pesado
Mas a turma é animada
Parece até uma festa
Que vai pela madrugada
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Se há seca no sertão
O sertanejo coitado
Bota o pé na estrada
Deixa o rincão amado
Fugindo da negra fome
Muito triste e desolado