SAUDADE
A vista chega embaça
O coração triste dói
Saudade é bicho que rói
Voraz feito uma traça
Ai de quem ela abraça
O cabra fica doente
Deixando o pobre vivente
Leso, falando besteira
Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente
Tenho pra mim que a saudade
Tem as garras de um coiote
Certeira nos dá o bote
E o nosso peito invade
Causando uma ansiedade
Que tortura corpo e mente
A bicha é renitente
Bem pior do que coceira
Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente
A danada é tão tirana
Comparo com Lampião
Que arranca o coração
De uma forma desumana
Tem que ser paraibana
De alma dura, valente
Pra não cair derrepente
Em depressão traiçoeira
Saudade não é peixeira
Mas corta o peito da gente
Mote: Poeta Adevaldo
Glosa: Luciene Soares