VÔO PARA A MORTE
Mãe, eu quero voar - disse Raulzito muito eufórico. D. Cândida olhou-o um pouco assustada. É que sonhei que estava voando - continuou o rapaz de seus trinta e poucos anos. Rapidamente a mãe sentou-se ao seu lado no confortável sofá e acariciou os cabelos do filho. Meu filho - disse ela - voar é para os pássaros, voar a gente só voa dentro de um avião. A conversa de Raulzito estava um pouco desconexa, ele tinha acabado de deixar o sanatório onde passou algum tempo sob cuidados de psiquiatras, uma receita com alguns medicamentos indicava que o mesmo não se livraria dessa necessidade por um bom tempo. A velha senhora afastou-se para terminar de coar o café que sempre tomava a tarde com biscoitos ou pão doce, foi o tempo que Raulzito correu para a varanda do quarto andar e ensaiou um vôo abrindo os braços. Pulou num só impulso e projetou-se no espaço para desespero de d. Cândida.