O FANTASMA DE DORA

   Há quem diga ter visto Dora passeando pelo Parque Treze de Maio, como gostava de fazer, principalmente nas noites enluaradas, de braços dados com seu namorado Arthur. Morava com a mãe em um sobrado antigo na Rua da União, caminhava um pouco até chegar a esse espaço de lazer. Era seu passatempo para se sentir mais a vontade com o seu amado. Ele vinha de Olinda para o Recife só para cortejá-la, d. Lídia, a mãe dela, não ia muito com a cara do rapaz. Somente nas quartas, sábados e domingos ele estava autorizado a visitá-la, subia as escadas indo até o terceiro andar e ficava no sofá junto a janela, dava para apreciar a cidade e os prédios em construção. Recife era uma cidade linda, dizia ele para Dora, quando casarmos vamos morar aqui. Sua futura sogra não tirava os olhos dos dois, os beijos eram furtivos, razão da moça muitas vezes simular uma visita a uma amiga no andar de baixo para poder ver Arthur nas noites não autorizadas pela mãe, combinava com ele e se encontravam no parque, foram muitas essas noites para alegria de Dora.

   Certo dia a moça adoeceu e foi socorrida por uma ambulância e levada para o Hospital de Pronto Socorro, ali nas proximidades. A menina não resistiu a dor e acabou falecendo na sala de cirurgia. Arthur quando soube quase enlouqueceu, como não se dava bem com d. Lídia aquele lugar para ele morreu também. Religiosamente ele freqüentava o Parque Treze de Maio onde imaginava estar ali a sua amada. Ali passeava como se estivesse ao lado de Dora. Quem o via por ali afirmava que Dora estava ao seu lado.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/03/2021
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