Roda Rodando

Ana levantará com sono, confusa em seu dejávu. Dirá que é mais um dia sem fim.

Igual e gêmeo.

Horas ininterruptas num relógio parado. Ida até o banheiro, água no rosto, escova na boca. Privada entupida, banho gelado.

No espelho, um rosto sem face. Verá pela basculante quebrada situação nunca vista. Berros e depressão por não ser ouvida. Num arremesso joga o que tem na mão pelo espaço sem vidro. Acertar o que não pode ser acertado.

Sairá do banheiro, indo pela casa, de um lado pro outro. Vai até a rua. Lá, tudo não passará de um sonho não sonhado. Memórias não lembradas, lembranças que não terá.

Estará ainda na cama dormindo. Acorda e tudo a mesma coisa, como uma roda rodando sempre. Idêntico e igual. Da basculante quebrada, ela mesma lá na rua.

Gritos e tristeza por não ser ouvida.

Rodrigo Barcellos
Enviado por Rodrigo Barcellos em 11/08/2020
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