Projeto Viagem Astral - INÍCIO

   Eu mesmo nunca me interessei por isso até que uma vez aconteceu comigo. É tudo muito confuso, e depois a pessoa fica sem saber muito bem o que fazer, se foi só um sonho, se foi outro estado alterado de consciência ou algo real.

   O início é semelhante a um sonho. Eu comecei a sentir o meu corpo pulsar, como se algo quisesse sair do corpo ao mesmo tempo em que perdia o controle sobre os meus próprios membros. Comecei a ouvir vozes, conversas em nossa língua e em outras que não entendia direito.

   De repente, meu corpo se desprendeu dele mesmo. Foi como eu fosse um balão de ar. Fiquei um tempo semiconsciente, sem entender nada, vagando.

   Quando voltei a ter algum controle, vi que acabei dentro de uma caverna. Seu teto era alto, cheio de um lodo luminoso. Havia muitas outras pessoas e outros seres lá também. A minha vista estava muito borrada, parecia que eu tinha uns 3-4 graus de miopia.

   Uns eram bem altos e outros bem baixos, as colorações de pele variavam desde os tons que já estamos acostumados a ver até tons verdes, azulados e até mesmo roxo. Não conseguia ver seus rostos.

   Estávamos todos numa espécie de sala de aula subterrânea. Em frente a cada um de nós havia uma espécie de poça semelhante a uma pia natural com alguns cristais dentro.

   Um dos seres começou a falar sobre a estrutura da molécula da água, sobre as ponte de hidrogênio, sua natureza polar e começou a falar do seres com sistema nervoso mais complexo, que conseguiam modular seus impulsos nervosos. A água possui polaridade e nossos impulsos nervosos também. Assim, seríamos capazes de deixar assinaturas energéticas na água.

   Os cristais, em sua maioria, crescem com a mistura de íons minerais e água, que depois se evapora ou que ficaria presa em sua estrutura, alterando o padrão de cristalização.

   Com base nessas premissas, a aula seria sobre como programar os cristais. Sendo aqueles do tipo cristais hidratados. O professor então, pediu para que imaginássemos algo para que o cristal tomasse foram.

   A princípio, demorei para acreditar em tudo aquilo. Fiquei olhando para os lados sem saber direito o que fazer. Daí, vi alguns seres colocando as mão dentro da pia. Os cristais começavam a mudar de forma rapidamente, o que me deixou muito assustado. Ora, para mim, as rochas só eram esculpidas ou lascadas, não poderiam mudar de forma assim, como se fossem massinha!

   O professor parou do meu lado e disse que aqueles eram cristais amorfos. Sua estrutura seria modificada segundo os padrões de pensamento e de energia impregnados na água.

   Quando eu olhei o professor, quase caí duro. Ele era enorme, com braços e pernas bem compridos, sem contar com o pescoço que mais parecia de uma girafa. Tentei sair correndo da sala, até que levei uma bronca para ficar na minha bancada.

   Voltei. Os outros alunos olhavam estranho para mim. Embora eu não conseguisse ver 100% seus rostos, sentia aquilo. Concentrei e pus as mãos na pia com cristais. Uma multidão de formas pulava na minha frente, nunca tinha visto cores tão vívidas! Tentava controlar aquele ser de rocha que ficava a se debater na água. Até que ouvi os comandos dos professores: "senta… acalma a sua mente!" Tentei… até que o meu cristal tomou a forma de uma cadeira.

   Terminado o exercício, as obras dos alunos foram fixadas nas paredes e incorporadas à caverna.

   Pouco antes de tudo acabar, pode ouvir os mestres conversando entre si dizendo que eu ainda não tinha maturidade o suficiente. Ainda não estaria pronto, que eram necessários mais "trabalhos sutis". Saí de lá correndo tão logo liberaram a sala.

   Perambulei mais um pouco, sem saber para onde ir e o que fazer, até me assustar novamente com formas trevosas que surgiram repentinamente e acabei acordando.

   Quisera eu que tudo tivesse acabado ali. Ao acordar, senti uma pressão no alto da minha cabeça. Estava todo desengonçado. Parecia que eu estava controlando um boneco. Volta e meia escutava um zunido intermitente.

   Tive que fazer uma atividade física mais vigorosa e tomar um café extra forte para voltar ao normal. Nem preciso dizer que passei o dia todo processando aquele sonho louco até que decidi fazer uma busca pelos sintomas e acabar descobrindo que teria feito uma viagem astral.

   Quisera eu que isso fosse o fim, mas era apenas o começo...

 
Manassés Abreu
Enviado por Manassés Abreu em 05/05/2020
Reeditado em 15/05/2020
Código do texto: T6937902
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