NEM SEMPRE O NATAL É DE ALEGRIAS

  Pietro olhou o avô sozinho numa cama de hospital, entrara sozinho ali e da porta deu para perceber que o velho paciente se contorcia e resmungava. Devia estar sentindo alguma dor - pensou o menino, entrando em seguida e indo em direção a ele. A tarde já findava e um funcionário entrou no quarto para entregar a sua janta e a de mais três pacientes que ali se encontravam. O velho logo o reconheceu e perguntou o que fazia ali, respondendo a criança que viera lhe visitar. Seu Dimas, como era conhecido, disfarçou a sua dor e ensaiou um sorriso, o garoto sorriu também e segurou a mão do avô.

   Fora dali um homem bebia em um bar, aparentava estar embriagado, procurava alguém aos gritos: "Pietro, cadê você?" - perguntava várias vezes. Uma mulher se aproximou e o acalmou dizendo: "Deve tá em casa", sentando-se junto a ele e iniciando a bebedeira, onde permaneceu por certo tempo. Era a sua mulher, mãe do menino.

   No hospital seu Dimas perguntou ao moleque pelo pai dele. Pietro falou que saiu sem ele ver, estava bebendo em um bar. Seu Dimas ficou triste, sabia que o filho era um alcoólatra e não se preocupava muito com o velho que o gerou. Viúvo e doente vive a sustentar o filho desempregado e bebarrão junto com a mulher dele. O menino Pietro é o seu consolo, o único dessa família desajustada que lhe dar atenção e respeita. Enquanto ele se encontra hospitalizado o filho prefere procurar um bar para encher o quengo de cachaça.

   Era noite de Natal e ambos permaneceram ali, neto e avô, a passarem o tempo. O menino disse que não voltaria para casa nessa noite, preferia ficar ali com o avô, no que seu Dimas concordou por não ter como evitar. No dia seguinte o menino voltaria para casa, mas nessa noite preferiu fazer companhia ao avô.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 23/12/2019
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