"Engolindo Sapos"

Imagine-se à beira de um lago, agora, “veja” os insetos e os outros bichos, nada anormal.

Avistar entre outros espécimes, um sapo, é natural, afinal, neste condizente e aprazível habitat, uma criatura, assim, passaria despercebida, a todos os olhares, não fosse por um detalhe:

Os sapos não falam, mas, uma vez concretizadas as, terríveis, ameaças, seria de pronto, arremessado ao fogo, e, ao pressentir que seria o seu fim; sem outro jeito, todos, sem exceção, o ouviram dizer:

“ Me joga no fogo, me queimem vivo, mas, na lagoa não !”

Acredite, o mais estranho e mais difícil de acreditar foi o que ocorreu em seguida:

Os algozes cruéis, os carrascos decidiram que a pena seria pelo afogamento, o pior castigo, mais temido que o fogo.

Arremessado ao grande lago, surpreenderam-se, pois, aliviado, após o belo mergulho, o sapo voltou à tona, e, rindo, gritou:

Que maravilha, eu sou bicho d’água! Eu sou bicho d’água!...

Eu explico:

Sabe quando você está na berlinda, sem saída, acuado ao ver que ali ou você está com ou está contra; sabe quando você tem duas opções: concorda ou concorda; caso, contrario, você discorda, e, logo, estará sob uma chuva de pedras; logo, estará sob olhares perversos, inescrupulosos; logo, estará ante as provocações e ao vexame; sabe quando você sente que está sob vigilância constante e, é previsível que investirão contra você em busca de um crime qualquer; sabe quando a acusação vem sem qualquer compromisso de provas; sabe quando por falta de respeito, abandona-se as qualidades e busca-se ressaltar as suas falhas, pois qualquer vício seria o troféu!

Cegos asquerosos, desprezam tudo e a todos, inescrupulosos, não existe quem os guie, no céu ou na terra, é a sua vontade, não pactuam com a verdade, sem limites, exploram as fraqueza, o ponto fraco, até o seu limite .

Felizmente ou infelizmente, eu não sei ainda, mas o silêncio foi regenerador, com toda certeza, o silêncio, produziu a reflexão que purifica, pois as criaturas negativas agem com desprezo, depreciam, diminuem; agem com descaso, desconsideração. O desdém é a sua arma para ferir a afeição, a amizade, o amor.

Pessoas negativas não tem o apego, o apreço pelo seu semelhante. Triste.

Nesse universo, uma vez, acuado e sem saída, sem argumentos, na eminência do fim, o namoro com a verdade, finalmente, termina; e, segue-se, então, uma aventura por um campo minado, onde os fatos, por si só, lhe condena, e, então, a verdade torna-se perigosa; assim, o melhor e, o mais seguro, é ocultar-se na mentira.

“ Me joga no fogo, me queimem vivo, mas, na lagoa não !”

Assim, como o sapo, guardei-me, e, em segredo, creditando sem acreditar.

Sem me anular, em silêncio, sem enfrentamentos, ocultei-me quando ouvia mentiras, oprimindo a minha verdade.

Nas falsas promessas, avaliei a astúcia.

Sem confiar; confiei, mas confiei sabendo que cairiam em descrédito; até que, em desespero, buscando imputar-me, o que acreditavam ser, o pior castigo, lançaram-se contra mim e minha família, desfazendo os já tênues laços que restavam, agora, abraçados aos bens que julgam ser seus, acorrentados, presos, sofrem, sem a liberdade que se encontra nos amigos. Não feriam a minha alma, na verdade, deserdaram-me de todas, e, quaisquer, obrigações futuras.

Que maravilha, eu também sou bicho d’água! Eu sou bicho d’água!...

Jorge Santana
Enviado por Jorge Santana em 20/12/2019
Reeditado em 26/01/2020
Código do texto: T6822965
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