O "OI" DE SHIRLEY

   A garota nunca tinha falado comigo, nem sequer olhava prá mim, tinha um ar de superioridade impressionante, era esnobe até demais. De repente ela se aproxima e me dar um "oi" acompanhado de um sorriso. Não acreditei, sinceramente não acreditei no que meus olhos viram, eu devia estar sonhando. Foi assim uma mistura de surpresa com alegria, eu não esperava tal situação, achava impossível. Aquela jovem arrogante falando comigo? No fundo me bateu uma grande felicidade, uma alegria sem tamanho me envolveu e eu fiquei sem entender o que realmente ela queria.

   "Ooooiiii!!!". Foi assim mesmo, aquele "oi" bem demorado que fez meu coração acelerar e apenas ficar parado olhando aquela criatura linda na minha frente com um sorriso encantador dirigido a mim. Foi de dar inveja a qualquer marmanjo que ali estivesse presenciando a cena, eu me senti um galã, não era eu que estava ali, sei lá, era alguém com o nível de poder cortejar uma garota como aquela. Shirley era seu nome, tinha reserva nos seus relacionamentos, era discreta e não dava mole prá ninguém, razão da minha surpresa e bote surpresa nisso.

   Não deu tempo prá raciocinar e entender o que nesse momento se passava, deu até vontade de tomar uma água, mas sair dali e perder aquela oportunidade não era viável, o tempo que meu cérebro levou para legalizar a lógica do fato dava prá assistir uma partida de futebol e ainda comemorar a vitória do time, mas eu fiquei ali quietinho, calado, esperando a liberação da razão para pelo menos responder ao "oi" de Shirley, era mais importante para minha pessoa, era uma questão de honra e até de superação emocional em relação a ela.

   Esqueci tudo que falavam dela, que era isso, que era aquilo, afinal não interessava, para mim era como se fosse uma deusa, estava ali para falar comigo e pronto! Sonhei tanto com uma colher de chá dessa e agora ligar para bobagens sobre ela... peraí, né? E quando essa menina tocou minha mão... meu Deus do céu! Procurei terra embaixo dos meus pés e não encontrei, fiquei vermelho, amarelo, azul, de tudo quanto é cor. Só faltava ela me abraçar, se não fosse muito pedir a Papai do céu para que isso acontecesse. Entre abobalhado e feliz, encarei a dama com altivez, apesar de estar com as pernas bambas, respondendo prontamente ao seu apelo. Olhe que essa resposta saiu mais do que atrasada, mas pelo menos saiu, aliviando a minha timidez e me transformando num cabra arretado.

Chegou o momento do meu "oi", aquele "oi" seco que quase não saía da garganta, eu com aquela cara de quem comeu e não gostou, porém tentando ser o mais cortez possível e apertando a mão dela como a me certificar de que estava ali fisicamente e que não era nenhuma alucinação. Aquele beijinho quando duas pessoas de encontram e colam suas faces fazendo de conta que são íntimas... ah! Foi o momento mais esperado. E ele aconteceu! Verdade! Eu me empolguei tanto, mas tanto, que acordei babando o travesseiro.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 17/11/2019
Código do texto: T6796713
Classificação de conteúdo: seguro