ATAQUE FRUSTRADO DE UM CÃO DE GUARDA

    Algo me deteve quando em parti de encontro aquela criatura indefesa, estava a poucos metros e pronto para abocanhá-la, ela não tinha como escapar depois de ter pulado o muro que separa a chácara do estreito caminho margeado por extenso matagal e invadido a minha área. Era questão de minutos para saciar a fome mordendo logo aquele par de coxas bem maciço e à mostra. A criatura era nova, calculei assim uns dezesseis anos, estava de bermuda, caminhava devagar para não fazer barulho, olhava pros lados desconfiada, mas eu estava atento, decidido e com fome! Mas de repente tudo mudou, foi como se algo me paralisasse as pernas, parei bruscamente e me vi impedido de realizar o meu intento canino. E agora? O local estava ermo, era um espaço bastante extenso, entre a varanda e o muro podia ter uns quinze metros ou mais, eu já tinha sentido até o faro da vítima, ela não haveria de escapar com vida caso pulasse, ela pulou sim, eu desconfiei disso, queria algo aqui dentro mas não contava com a minha astúcia, mas essa astúcia me traiu, me deixou alí inerte como um cachorro babaca, sem ação, logo eu um cão de guarda, perigoso, capaz de estranhar até o seu próprio dono.

    Enfim, a criatura, atônita, me olhou como a perguntar por que não atacava, ficou paralisada por alguns minutos e resolveu bater em retirada, já que eu não fazia nada, só faltava ela alisar a minha cabeça. Pulou o muro de volta para a rua e sumiu na escuridão, foi aí que o "mané" aqui resolveu latir e correr até o portão de madeira grossa, bem pintado, com uma corrente e um enorme cadeado. Pelas brechas ainda deu prá ver o safado em fuga com a minha visão igual a uma de águia. Voltei para a minha posição de guarda sem saber o que diabos tinha acontecido.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/06/2019
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