A PROCURA DE UM LOUCO POR SEU AMOR
Me disseram que ela era o mar, então fui até a praia e me pus a chamá-la, quase fiquei rouco de tanto gritar o seu nome. Voltei decepcionado para a casa de minha mãe. Soube depois que ela era o céu, passei o dia olhando aquele azul lindo e a noite clamando para as estrelas chamarem ela para mim. Foi tudo inútil. Chorei bastante.
No dia seguinte me disseram que ela era a lua e estava escondida. Não era noite de luar e eu esperei ansiosamente que ela surgisse para que eu pudesse vê-la. Enfim chegou a noite da lua cheia e eu me alegrei, sentei-me num banco de praça e fiquei a implorar que viesse ao meu encontro e me amasse. Isso não aconteceu, derramei rios de lágrimas e quem passava imaginava que eu era um louco. Voltei deprimido para casa.
No outro dia a mesma pessoa que me enganou disse que ela era o sol, que da mesma forma que enchia a terra de claridade iria encher meu coração de amor. Fiquei deveras contente e pensei, dessa vez vai. Como era dia olhei para cima, apesar de não conseguir ver o sol diante de tanto brilho, chamei com todas as forças dos meus pulmões, gritei alto e em bom som, porém nada aconteceu. Mais uma vez a tristeza me envolveu e voltei resignado para minha casa.
Uma angústia já tomava conta de mim quando essa pessoa que me enganou esse tempo todo falou prá mim: vamos voltar para o manicômio, ela não está aqui fora, está lá dentro, vamos voltar e fazer de conta que não fugimos, lá é que é o nosso verdadeiro lar e vou te mostrar onde ela está. Voltamos felizes para o manicômio e fingimos que estávamos perdidos.