VAGANDO PELO UNIVERSO

   Uma imensa melancolia invadiu minh'alma, meu cérebro parou de funcionar dentro de sua capacidade habitual e o meu campo de visão limitou-se a captar imagens enuviadas com formações não definidas. Meu corpo apresentou sensações de leveza, algo impressionante, o que me fez imaginar que estava flutuando, num torpor que não me deixava saber o que estava acontecendo. A respiração tornara-se ofegante e os pés não sentiam o chão, o que me deu a certeza de uma situação estranha e completamente fora da realidade. Tentei de alguma forma identificar o lugar onde me encontrava, mas a mente estava parcialmente bloqueada e aí me entreguei ao delírio, já que nada mais podia fazer.

   Cortinas densas de uma fumaça branca se formaram a minha frente como a impedirem que eu visualizasse algo, porém durante alguns minutos. A minha visão total foi restabelecida e eu pude vislumbrar o que meus olhos jamais imaginaram ver: a imensidão do espaço sideral, o universo em sua plena e magnífica apresentação. A respiração voltou ao normal, a leveza do corpo me fazia girar em qualquer direção que quisesse, tudo era expontâneo, eu conseguia enxergar algo a milhares de quilômetros a minha frente, os planetas estavam todos alí e o que mais me chamou a atenção foi a semelhança com a Terra, essa onde agora me encontro muito distante dela. Na minha visão todos estavam bem próximos, era como se fossem vizinhos, os anéis de Saturno eram lindos e impressionantes, me deslumbrei com eles. Resolvi conhecê-lo de perto, já que tinha o poder de voar sem me preocupar com a velocidade, era só pensar e lá estava eu onde quisesse. Era um planeta vem parecido com o nosso, porém muito frio, mas isso também não era problema prá mim, meu corpo se adaptava perfeitamente a tudo, vento, frio, calor, falta de gravidade, nada era empecilho, eu estava alí como se estivesse em sonho, só que um sonho muito real, bem real mesmo. Grandes montanhas, vales, florestas e extensões de terra a se perderem de vista totalmente planas. Passeei ao redor de outros astros, todos maravilhosos, muitos ainda desconhecido pelos humanos, pena que para se chegar a eles levaria uma vida inteira e só com a descoberta de naves mais velozes é que seria possível a exploração desses planetas.

Algo me fez parar, minha velocidade diminuiu drasticamente, me senti preso a alguma coisa que não conseguia detectar o que era. Aquela nuvem densa se formou em minha frente, o corpo começou a ficar pesado, aquela leveza havia sumido e meu cérebro deu início ao seu habitual funcionamento. Senti firmeza no pisar, tudo começou a se normalizar com minha visão e aquela sensação de melancolia havia desaparecido, eu sentia nesse momento uma felicidade sem igual, era uma pessoa apta em suas faculdades mentais, num plano que sempre foi o meu, a Terra.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 02/05/2019
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