CONTO DE REIS

Certa vez em um sonho sonhei que estava acordada, e nossa, que despertar mais louco!

Era uma manhã de primavera, mas que nevava como nos cruéis dias de inverno mais intenso, as borboletas cavavam no quintal e os tatus sobrevoavam as pequenas árvores do jardim.

Os cachorros saíam com seus automóveis para trabalhar, enquanto nós humanos esfregávamos as costas no asfalto para dar aquela espreguiçada e voltávamos a cochilar.

Na hora do almoço fazíamos aquele gostoso jejum já pensando em repetir a mesma refeição no jantar.

Eu estava tão acordada que meus olhos mal paravam abertos, era tanta coisa nova, tanta beleza a contemplar que as horas eram poucas para o infinito de emoções que queriam escapar da mente, que aliás era um gigantesco abismos de fundo raso.

Tinha também pequenos reis, criaturas minúsculas que rastejavam pelos bosques e asfaltos, mas que num pagar de impostos se agigantavam mais que o Sol e tomavam conta das nossas casas e de tudo que havia dentro delas.

Eu tentava dormir, porém era sempre um despertar involuntário.

Todos os dias se repetiam eu estava ficando já entediada daquelas maluquices, no entanto, não conseguia adormecer, era sempre o mesmo sonho acordada e que tanto se repetir já eram pesadelos.

Até que percebi que tudo girava em torno dos pequenos reis, eles que comandavam tudo; sol, chuva, florescer, comer, andar, dormir, trabalhar – comandavam nosso viver e até mesmo nosso morrer.

Tinha poder sobre tudo até mesmo sobre o meu despertar, mas eles eram frágeis, eram pequenos fechos de luz. E como podiam comandar tudo tão rapidamente sem às vezes se quer se fazerem presentes?

De repente enfim os meus olhos se cansaram, as mãos meio que desfaleceram e eu adormeci, venci os pequenos reis, acabou a energia e caiu o wi-fi.

Roberta Krev
Enviado por Roberta Krev em 16/04/2019
Código do texto: T6624642
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