QUANDO O TEMPO CONSPIRA CONTRA O AMOR
Verão de 1979 foi o melhor para Lívia naquela cidadezinha onde nascera e se criara no interior de Pernambuco, a maior parte do seu tempo era preenchida com alegrias contagiantes das amizades que fizera a partir dos dezesseis anos, quando estudava num dos melhores colégios da região. Conheceu Paulo nessa época e logo se apaixonou, ele era da mesma sala de aula, fingiam não se conhecer para não se atrapalharem nos estudos, mas todos sabiam do namoro sincero e do amor entre eles, não dava para esconder, seus olhos para ele e seu semblante de felicidade logo denunciavam.
Dois anos se passaram e a relação entre Lívia e Paulo evoluiu de uma forma que chegaram a noivar e marcaram o casamento para o final desse ano de 1981, já que estaria concluindo sua fase no colégio e com certeza teria que deixá-lo e ir estudar na capital. No verão desse ano, nas férias de julho, decidiram que viajariam com os pais dela para Fortaleza onde tinham uma casa na praia e Paulo não conhecia. Tudo foi programado e a viagem iniciada numa manhã de sexta-feira, o casal vivia uma fase maravilhosa e ela não via a hora de chegar dezembro para o enlace matrimonial. O destino, porém, não quiz que as coisas fossem assim e conspirou contra essa união que tinha tudo para dar certo. Durante a viagem o veículo em que seguiam pela rodovia foi atingido por um caminhão desgovernado de frente jogando o mesmo numa ribanceira. Todos ficaram gravemente feridos, porém sem risco de vida, no entanto Paulo faleceu no local.
Dez anos se passaram depois desse trágico acidente, Lívia perdeu todo o seu entusiasmo para viver, mesmo não tendo seqüelas, nem ela e nem os pais, também não conseguiu gostar de mais ninguém, preferindo ficar só. Estava agora a caminho de sua cidade natal vinda de Fortaleza onde passou a residir com os pais. Dirigia seu próprio carro e precisava pegar um documento no colégio onde estudara. Estava agora com vinte e oito anos e amargava uma solidão triste, gostava de estar só, os grandes amigos se concentravam na sua cidade natal e pouco os via ou tinha notícias. Nessa viagem tinha o objetivo de reencontrá-los para matar as saudades.
Terminada a tarefa e com o documento em mãos, depois de ter visto os antigos amigos, despediu-se e seguiu viagem rumo a Fortaleza. No exato momento em que trafegava no local do acidente de que fôra vítima, Lívia percebeu que um rapaz lhe pediu carona acenando com a mão e para seu espanto esse rapaz era nada mais nada menos do que Paulo. Ela então viu sua visão escurecer e só lembra de quando acordou em um hospital de Fortaleza. Soubera então que havia perdido o controle do veículo e capotado com o mesmo.