Eu
Um jovem acorda deitado no chão do que se parece ser uma estrada, vestido com uma calça jeans surrada e uma camisa preta ele se levanta confuso, olhando para os pés descalços nota algumas pequenas escoriações neles, seguindo o olhar pelo corpo percebe que sua roupa esta suja, começa a pensar em um suposto acidente, mas olhando em volta não enxerga praticamente nada está tudo escuro a sua volta. Sem saber que direção seguir fica tentando se lembrar de como foi parar ali, mas nada vem a sua mente esfregando os olhos e respirando fundo começa a ficar ofegante o desespero começa a tomar conta dele, quando uma brisa vem em sua direção e um cheiro familiar entra por suas narinas, fechando os olhos parece se deliciar com o cheiro, agora os arregalando se lembra. “É o cheiro dos biscoitos da vovó.”
Se virando escuta barulho de uma criança brincando, voltando para trás a estrada começa a ficar mais clara, o preto se torna um preto e branco e a uns cinquenta metros a frente encontra um garoto sentado no pé de uma árvore. O garoto brinca com um boneco do homem aranha e do thor, o jovem rapaz sorri e por um estante um déjà vu parece tomar conta dele, aproximando do garoto sorri.
-O Thor é o meu super-herói preferido. –ele dispara.
O garoto sorri.
Olhando a volta o jovem rapaz parece procurar a casa do garoto, mas a estrada para frente é tudo escuro e do garoto para trás está tudo preto e branco, ainda sem entender ele se senta ao lado do garoto.
-Você mora por aqui? – o jovem confuso pergunta o garoto.
-Logo ali na frente. – o menino faz movimentos como se o homem aranha estivesse jogando teia no thor.
-O que faz sozinho aqui nessa estrada?
O menino agora sorri. – Meus amigos estão viajando e quando não estou aqui estou jogando vídeo game, gosto de brincar aqui perto da estrada.
-Legal. Qual jogo mais gosta de jogar?
-Super Mario, internacional superstar soccer, mortal kombat e muitos outros...
O jovem rapaz mais uma vez sentiu um déjà vu, e esses momentos estavam sendo prazerosos para ele, nem mesmo se lembrava de que acordou perdido em uma estrada.
-Todos esses jogos são ótimos, já joguei muito. Qual o seu nome?
-Ricardo.
O nome do menino parece ter ecoado por toda a estrada o jovem rapaz assustado se levanta.
-E qual o seu? – pergunta o garoto.
O jovem novamente fica pensativo parece forçar a mente.
-Meu nome... Meu nome... – ele agora sorri com um tom de nervosismo.
-Esta tudo bem?
-Sabe... – ele respira fundo. – para falar a verdade estou perdido. Essa estrada vai exatamente pra onde? – ele aponta para a parte escura.
-Bom para lá eu não sei, mas para cá. – o menino aponta para trás á parte preto e branco. -Esta minha casa, minha escola, a casa dos meus tios e primos em fim esta tudo que amo.
-Entendo. – não era bem essa resposta que o rapaz queria ouvir. – e a frente a onde chega essa estrada?
-Não sei, nunca fui para lá.
-Qual o nome dessa estrada? – pergunta o rapaz em busca de respostas que o pudesse ajudar.
-Essa estrada se chama vida. – o menino responde e se levantando do chão começa a subir na arvore.
-Engraçado eu devo mesmo estar perdido, nunca ouvir falar em uma estrada que se chamasse vida. – o jovem sorri ironicamente, ele parece não levar o garoto a serio.
-Está perdido á quanto tempo? Você vem de onde? – o menino se pendurando de cabeça para baixo no galho o pergunta.
-Para falar a verdade não sei, devo ter sofrido algum acidente não me lembro de nada.
-Isso deve ser horrível. – diz o garoto brincando na arvore.
O jovem se abaixa parece estar um pouco tonto, uma ventania forte começa a soprar a estrada levantando poeira, raios e trovoadas cortam o céu e estremecem a terra. O jovem garoto desce da arvore correndo pega os seus brinquedos e bate no ombro do jovem.
-Vamos esta chegando uma forte tempestade.
-Vamos para onde?
-Para minha casa ou você pretende ficar na tempestade que esta chegando? Em meio a uma tempestade sempre devemos procurar refugio. Meu avô sempre me disse isso. Tempestades são sempre perigosas.
-Mas preciso achar um jeito de ir embora.
-Depois da tempestade você se preocupa com isso, está sujo e machucado. Vamos para minha casa você toma um banho e come alguma coisa. Se enfrentar uma tempestade nessa condição pode até morrer.
Os dois caminham até a casa do garoto, ao chegarem á porta começa á chover.
-Poxa vida que sorte. –diz o garoto.
Entrando pela casa o jovem rapaz começa a observar tudo, e uma calma cai sobre ele. Um sofá de madeira com almofadas escura é a primeira coisa em que ele para passa suas mãos e senta, se acomodando se sente acolhido e feliz. E por outra vez um déjà vu toma conta de sua mente.
-Quer tomar banho? – o garoto pergunta.
-Não, muito obrigado. Onde estão os seus pais?
-Estão trabalhando, chegam mais tarde. Quer comer algo?
-Sim eu aceito.
-E o que quer comer?
-O que você comer eu como.
-Tudo bem.
O garoto vai ate a cozinha e o jovem começa a observar a sala e fica encantado com o tapete de pelo branco. Esfregando os pés sobre ele parece se relaxar muito, quando sente uma forte necessidade de se deitar sobre o tapete e ali no chão ele parece se sentir acolhido, o sofá o tapete e o cheiro daquela casa parecem lhe trazer paz e renovar a suas energias. Agora sorrindo e chorando de emoção esfrega os braços e pernas no tapete, sem intender o motivo começa a sorrir feito uma criança abobalhada.
O garoto volta da cozinha com um prato e dois copos de leite, ao ver o jovem no chão ele fica sem entender.
-Aqui o leite com biscoitos.
Se levantando o jovem sorri.
-Sua casa é magnifica.
Os dois se sentam a mesa o jovem pega o copo de leite que esta gelado e toma um gole, se deliciando parece sentir em sua alma cada momento vivido ali que parece lhe acalmar.
-Pelo visto gosta de leite gelado assim como eu. Agora prova desses biscoitos é receita da minha avó.
O jovem rapaz pega o biscoito o observa e sente um cheiro familiar entrando por suas narinas, mordendo ele sente um sabor indescritível que mexeu com o seu coração e a sua alma.
-Meu Deus! Que delicia de biscoito.
-Eu sabia que iria gostar.
Os dois tomam café e conversam bastante, ao terminar o café o garoto vai até a cozinha levar o prato e os copos, enquanto isso o jovem anda pela sala e parando de frente para estante observa alguns discos: Kraftwerk, Pink Floyd, Kiss, Leandro e Leonardo, Trio parada dura e muitos outros.
-Você gosta de música? – o garoto parado atrás dele lhe pergunta.
-Sim, muito. E de fato sua família tem muito bom gosto.
-Vou te mostrar o meu preferido. – o garoto abre uma gaveta e tira um disco e coloca no toca disco. O barulho da agulha tocando no disco faz um pequeno chiado sair nas caixas ate que a música começa.
O jovem rapaz respira fundo ao ouvir a música, parece se sentir emocionado.
-Essa música se chama Romance de amor, o meu avô tocava para mim eu seu violão. Mas ele morreu e a única forma de ouvir a música é no disco.
Sem entender o motivo da emoção o jovem caminha até a porta notando que a tempestade já havia terminado.
-Obrigado, mas eu tenho que ir.
-Ir a onde? Não quer jogar vídeo game? – o menino aponta para o seu Nintendo já amarelado pelo tempo.
O rapaz encantado se aproxima toca ás manetes e observar alguns cartuchos na gaveta. –desculpa, mas eu tenho que ir.
-Tudo bem, te acompanho até a estrada.
Os dois novamente param onde se conheceram e conversam.
-Espero que resolva as suas coisas, mas volte quando quiser para jogar vídeo game.
-Será um prazer, sua casa é maravilhosa e me fez muito bem.
Uma brisa passa e levanta o cheiro de terra molhada os dois se deliciam com o cheiro. Eles sorriem.
-Engraçado gostamos das mesmas coisas. – diz o garoto.
-Sim.
-Eu também me sinto bem em minha casa assim como você, amo esse lugar, familiares e amigos. Espero viver aqui para sempre. E falando nisso você têm que voltar para conhecer meus amigos, são os melhores, nossos momentos juntos são os melhores. Futebol, esconde-esconde pega-pega e muito mais.
-Imagino, que bom que tudo isso te faz bem.
Na parte escura da estrada sai um homem mais velho que vem caminhando até eles.
-Boa tarde! –diz o senhor.
Os dois assentem com a cabeça.
-Que bom que apareceu o garoto me ajudou bastante, mas preciso de um adulto que me ajude.
-Sim, exatamente isso eu vim te buscar.
-Serio? Qual o nome do senhor? De onde é?
-Meu nome é Ricardo.
Confuso ele olha para o senhor e o garoto. –Todo mundo aqui tem esse nome?
-Precisamos ir, Ricardo. – o senhor diz estendendo a mão.
-Conhece o garoto?
-Estou chamando você!
-Mas eu não me chamo... –o déjà vu toma conta de sua mente e ele parece lembrar-se das coisas de sua vida. A casa, comida e tudo que viveu ali.
-Precisamos seguir em frente.
-Pera ai... Estou confuso.
-Sim, é isso mesmo o garoto é você no passado e eu sou você no futuro!
Sentando no chão o jovem está nervoso e treme.
-Mas e ai, como é o nosso futuro?
-Você precisa parar de temer o futuro e como ele é não posso lhe dizer, vê que a estrada ainda escura. Preciso que você siga em frente para que eu exista. O futuro depende de você. Vamos!
O jovem se levanta e o garoto o chama.
-Espero que volte para brincar comigo. – o garoto sorri.
O jovem olha para o senhor que balança a cabeça negativamente.
-Desculpa, mas... Não posso mais voltar aqui, preciso seguir em frente você faz parte de uma linda parte da minha vida, mas... Passou! – Ele abraça o garoto. -Obrigado!
Ao terminar o abraço o garoto segue a estrada de volta até que some...
-E então vamos. O futuro lhe espera!
O jovem respira fundo olhando para estrada escura que agora parece ter uma luz bem lá longe.
-Será que o futuro vai ser bom? – o jovem pergunta.
-Isso só depende de você! – diz o senhor colocando a mão em seu ombro quanto os dois seguem a estrada.