UMA LONGA ESTRADA DESCONHECIDA

A estrada era longa, eu já havia percorrido um trecho considerável, sentindo um cansaço que me obrigou a parar. Eu me lembro que havia despertado de um sono profundo e ficara impressionado e assustado com aquele lugar. Estaria eu sonhando ainda? Não tinha certeza, restava agora descansar um pouco na beira do caminho e pensar no que fazer.

Passou-se algum tempo e o corpo já oferecia uma certa resistência, me pus então a caminhar, para onde não sabia, só não podia era ficar alí parado. Não se via uma viv'alma naquele local, o que me preocupava naquele trajeto por uma estrada de areia escura, repleta de pequenas pedras que incomodavam um pouco meus pés. O dia estava claro, o céu mostrava algumas nuvens cinzentas, o vento soprava acanhado, mas deixava meu corpo a sentir um pouco de frio.

Súbito, uma voz me chegou aos ouvidos, chamava claramente o meu nome. De onde partia aquela voz feminina que insistia em tom mais ríspido?

Tudo escureceu como se a noite resolvesse se antecipar tomando parte do tempo do dia. Nada mais eu enxergava, o som da voz feminina foi sumindo gradativamente até tudo ficar no mais profundo silêncio e eu ter a impressão de estar deitado. Assim permaneci por um certo tempo até minha vista detectar uma leve claridade, vi uma janela onde o sol infiltrava seus raios através de uma vidraça e alguns vultos pareciam me saudar, era como se eu estivesse voltando a vida e os rostos que alí se encontravam, todos sorridentes, me saudavam com alegria. Mesmo eu não entendendo o que se passava agradeci por ter deixado aquela estrada misteriosa e desabitada, onde eu imaginava que fosse ficar para sempre.

Na realidade eu havia dormido bastante após ter ingerido calmantes misturados com bebida. As pessoas alí presentes eu desconhecia, elas talvez me conhecessem, pois me levaram dali dizendo que eu ia "para casa". No caminho eu reconheci aquela estrada de areia escura e repleta de pequenas pedras.