O DIA EM QUE O JOÃO ACORDOU FELIZ

João acordou naquele dia com uma enorme paz interior, sentido- se motivado e de bem com a vida. Geralmente acordava mau humorado, cansado da vida que levava, do emprego que tinha de garçom numa lanchonete e de todo dia ter que acordar cedo, subir em sua moto e ir em direção ao seu local de trabalho.

Mas aquela segunda feira foi diferente. Teriam sido as bebidas e a companhia dos amigos na noite passada? Ele não tinha certeza. Levantou se, e pela janela do quarto, contemplou a beleza daquele céu azul e das árvores do quintal, que quase invadiam a casa, tendo a sensação de ter dormido ao ar livre.

Ao chegar na cozinha, viu sua mãe passando o café.

- Bom dia mãe!

Ele foi ignorado. Cumprimentou mais uma vez. Silêncio. Por que ela não respondia?

De início ele não entendeu, mas depois se lembrou o quanto sua mãe ficava furiosa quando ele chegava tarde em casa. Decidiu não insistir e esperar até que a raiva dela passe. Ao sair, pediu desculpas com um sorriso sem graça no rosto foi embora.

Passando pela rua de sua casa, em direção ao trabalho que ficava a quatro quarteirões, desacelerou um pouco a moto ao ver uma mancha de sangue naquela estrada de pedras. Seria do cachorro da vizinha que foi atropelado ali há algum tempo? Provavelmente.

Ao chegar na lanchonete, estranhou ao vê-la fechada. Ficou um tempo parado tentando entender o porquê, até que decidiu ligar para o patrão. Caixa postal. Tentou outras vezes e nada. Será que era feriado e ele nem se deu conta? Sem opções, decidiu voltar pra casa.

Viu sua mãe sentada no sofá, com a TV ligada num volume bem baixo. Se preocupou com a feição de tristeza no rosto dela. Parece que ela ficou realmente magoada por causa da noitada com os amigos.

De repente, João viu na tv a reportagem sobre um acidente em sua rua. Ficou intrigado, pois ele não se lembrava disso ter acontecido tão perto de sua casa. Ao se aproximar mais da tv, viu sua moto destruída, e um corpo coberto por um plástico preto! O pavor tomou conta do seu corpo.

A mancha de sangue! A noite com os amigos! As bebidas! A volta pra casa, na moto em alta velocidade! O silêncio e a tristeza de sua mãe! Naquele momento ele se sentiu apavorado, e finalmente entendeu tudo…

Estranha mente
Enviado por Estranha mente em 22/10/2018
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