Crônicas do estágio REM

(Mais um sonho louco)

O sol pintava os campos de verde. A imensidão do céu azul pairava sobre as longínquas e esparsas habitações humanas, não via nenhuma alma naquela tarde de primavera. Respirei fundo, absorvendo a calma e a energia do sol sobre o reino vegetal e uma estranha leveza tomou conta do meu Ser. De de alguma forma, comecei a levitar, subindo em direção ao céu. A medida em que subia, vislumbrava extasiado os campos abaixo, imensos vales, florestas, montanhas e quando pensei estar chegando à estratosfera, algo mais estranho aconteceu, novos campos surgiram, nova paisagem se desdobrava aos meus olhos, uma espécie de campos verdes acima dos campos. Subia tranquilo, a cada metro, tudo parecia mais leve e resplandescente, o verde cada vez mais verde e os céus cada vez mais azuis.

Notei atras de mim, um arranha-céu muito fino a certa distancia, sua base se perdia nas densas camadas de campos visíveis a baixo e acima, uma sequencia de apartamentos com janelas fechadas, davam a impressão de solidão... a esta altura, a solidão começou a tomar conta de mim, sentimentos tristes, memorias de coisas não vividas, tristezas de outras pessoas começaram a transformar aquela viagem em um mar de dor.

Ultrapassado a sexta camada dos vastos pavimentos de campos férteis de cultivo, uma densa neblina tomou conta da paisagem, embora eu ainda flutuasse, sentindo certa euforia. O tempo cada vez mais carrancudo, principia o sopro de gélidos ventos invernais e a sensação de desespero fica acentuada. Voltei-me ao arranha-céu e o vi cinzento e triste. Uma estranha força, como se fosse uma mão invisível de desproporcional tamanho, colocou-me de forma respeitosa em um dos apartamentos. Era pequeno, estreito, com dois dormitórios e uma sala que dava para a varanda. Os ventos e a chuva agora torrencial, golpeavam o edificio com fúria. O cenário era triste e a sala, com seu piso de mármore branco, tinha acumulo de água. Em pé nesta sala, recordei aquele apartamento de tempos anteriores, ele me era familiar. Num dos dormitórios, deitado na cama, alguém coberto até a cabeça, não se identificou, também não o dei atenção. O frio e o cansaço, somados as roupas molhadas fez-me procurar repouso, entrei no outro dormitório e surpreso, também reconheci aquele aposento como sendo o meu, mas não conseguia situar no tempo, quando vivi nele, quando estive ali pela última vez. Deitei, puxei as cobertas, sentindo gradual calor aconchegante e adormeci... Acordei para vida real em minha cama, às 10:00 da manhã, com os cachorros latindo no portão e com estranha sensação de tristeza no coração, tudo pareceu grotescamente material nas primeiras horas depois de ter despertado.

maxximusvero
Enviado por maxximusvero em 01/12/2017
Reeditado em 02/12/2017
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