CHUCHU, O PROVEDOR
É certo que chuchu dá no inverno. Dá também no verão. Mas dá mais no inverno. Pois é...
Sucedeu, então, do chuchu dar no verão. E deu muito, muito chuchu, chuchu aos borbotões; chuchu pra chuchu!
O fato é que foi um tal de chuchu pra lá, chuchu pra cá... Chuchu era agora com “C” maiúsculo, o dono da situação... corrigindo, da plantação. Sim, porque o cenário desse fenômeno era uma modesta horta do fundo do quintal de uma modesta casa de uma modesta família que possuía uma modesta renda familiar. As hortaliças e as verduras não medravam naquela época, pois o solo duro, agreste e ressequido pela falta de chuva e do calor do sol de rachar não lhes dava chance alguma. Então, Chuchu, com “C” maiúsculo, superando milagrosamente essas intempéries, reinou absoluto...
Reinou absoluto! — É modo de dizer. Na verdade, reinou sem súditos, sem staff. Não houve, nessa época, outras verduras, outras leguminosas... nem oposição houve. Somente o Chuchu com “C maiúsculo.
Durante algum tempo, Chuchu, com “C” maiúsculo, foi o grande provedor daquela família: todos naquela casa serviam-se do Chuchu no café da manhã, ao meio dia, à noite... Chuchu era uma festa! ... Ao pé da letra, pois um dia resolveram convidar amigos para um fondue de... Vou pular esse detalhe.
Mas infelizmente o reinado do Chuchu com “C” maiúsculo não durou uma eternidade. Nem as quatro estações. Nem uma estação inteira: uma grande trovoada veio no finalzinho do verão. Com ela veio a chuva. Muita, muita chuva. A chuva logo fez brotar ali, naquela terra outrora esturricada, a vida. Floresceram, portanto, naquele fundo de quintal, abobreiras, tomateiros, quiabeiros...
Chuchu, que havia sido alçado ao topo da responsabilidade humana por conta da sustentação daquelas pessoas durante todo o verão, percebeu-se, após algumas semanas de chuvas regulares, um chuchu obsoleto, aquela leguminosa impossível de ter “C maiúsculo”.
Definitivamente, não dava mais para o chuchu. Ele resolveu, então, parar de dar. Pelo menos, até o próximo verão.