O DESAPARECIMENTO DOS ALIMENTOS
Manhã de luz radiosa, clima de roça, brejeiro e calmo. Colheita feita pro consumo dos sitiantes daquele lugar, campo pequeno, oito propriedades em ritmo cooperado, cozinha, área de refeições, lavanderia e ambiente de laser, todos coletivos, tinham também uma escolinha e um pequenino posto de saúde, para primeiros socorros, tudo bem jeitosinho e organizado, as pessoas eram felizes e companheiras por ali. Naquela manhã, bem cedinho, tudo seguia normalmente, os mais experientes na lavoura, crianças bocejantes à espera do café para ir para a escolinha, mulheres nas lidas diversas no preparo das marmitas e lanches para o povo no roçado. Tudo pronto, um grupo segue pra roça com os embornais com pão com manteiga, café, água, batata doce cozida, marmitas, hoje com feijão, arroz, farinha, galinha ensopada com almeirão e abóbora e banana pra adoçar. No mesão coletivo, o café de todos os restantes estava sendo servido também, só de diferente, também havia bolo de milho doce, de repente, uma nuvem escura cobriu o céu inteiro, por uns dois minutos, e da mesma forma como escureceu, tudo retornou à claridade normal, só que no roçado e nos sítios e áreas comuns tudo estava alvoroçado, todo o alimento, que não fosse cru, desaparecera, foi um estupefação generalizada, um corre corre, perguntas sem resposta, a professora pegou água, leite e bananas e levou todas as crianças para a escolinha, para que saíssem do foco e as outras pessoas pudessem descobrir o que havia acontecido. Tudo naquele lugar estava com pontos de interrogação, se juntaram todos à volta do mesão para tentar entender o ocorrido, no panelão de feijão cozido estava vazio, sumira o cozido, pão e até a limonada, se alimentaram de água, leite e bananas, pois tudo que não fosse cru, havia desaparecido, um dos homens passou um rádio para um amigo de uma fazenda distante, contou o que acontecera e perguntou se lá havia acontecido o mesmo, o amigo disse que não e depois de uma rápida conversa, desligou o rádio com a impressão de que o amigo desligara, achando que ele estava doido ou bêbado, não lhe pareceu que ele acreditara, no que ele relatara. Retornou ao grupo apreensivo, tão preocupado quanto os outros. Voltaram pra lida, volta e meia olhando pro céu, mas, ele estava azul, lindo e perfeito. Uma mulher, a mais velha do lugar, resolveu preparar um novo feijão, pois precisavam se alimentar, com mais duas mocinhas se puseram a cortar abóboras para cozinhar, com um certo medo, é certo, de que tudo sumisse de novo, mas, isso não aconteceu, mais tarde todos juntos e com muita fome, se fartaram de feijão com farinha, abóboras, bananas e água, quase como que, fazendo uma reserva matemática, dentro do estômago, caso tudo desaparecesse, de novo, isso, era até engraçado, apesar da situação. Os dias, meses e anos foram se passando, sem que tivessem encontrado, uma explicação, para o acontecido. A vida do roçado cooperado seguiu seu curso, ficando apenas na memória, quase como um causo de roça, a nuvem escura, que numa manhã de Sol, fizera desaparecer por algumas horas, os alimentos manipulados...
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 17 de abril de 2016.
Manhã de luz radiosa, clima de roça, brejeiro e calmo. Colheita feita pro consumo dos sitiantes daquele lugar, campo pequeno, oito propriedades em ritmo cooperado, cozinha, área de refeições, lavanderia e ambiente de laser, todos coletivos, tinham também uma escolinha e um pequenino posto de saúde, para primeiros socorros, tudo bem jeitosinho e organizado, as pessoas eram felizes e companheiras por ali. Naquela manhã, bem cedinho, tudo seguia normalmente, os mais experientes na lavoura, crianças bocejantes à espera do café para ir para a escolinha, mulheres nas lidas diversas no preparo das marmitas e lanches para o povo no roçado. Tudo pronto, um grupo segue pra roça com os embornais com pão com manteiga, café, água, batata doce cozida, marmitas, hoje com feijão, arroz, farinha, galinha ensopada com almeirão e abóbora e banana pra adoçar. No mesão coletivo, o café de todos os restantes estava sendo servido também, só de diferente, também havia bolo de milho doce, de repente, uma nuvem escura cobriu o céu inteiro, por uns dois minutos, e da mesma forma como escureceu, tudo retornou à claridade normal, só que no roçado e nos sítios e áreas comuns tudo estava alvoroçado, todo o alimento, que não fosse cru, desaparecera, foi um estupefação generalizada, um corre corre, perguntas sem resposta, a professora pegou água, leite e bananas e levou todas as crianças para a escolinha, para que saíssem do foco e as outras pessoas pudessem descobrir o que havia acontecido. Tudo naquele lugar estava com pontos de interrogação, se juntaram todos à volta do mesão para tentar entender o ocorrido, no panelão de feijão cozido estava vazio, sumira o cozido, pão e até a limonada, se alimentaram de água, leite e bananas, pois tudo que não fosse cru, havia desaparecido, um dos homens passou um rádio para um amigo de uma fazenda distante, contou o que acontecera e perguntou se lá havia acontecido o mesmo, o amigo disse que não e depois de uma rápida conversa, desligou o rádio com a impressão de que o amigo desligara, achando que ele estava doido ou bêbado, não lhe pareceu que ele acreditara, no que ele relatara. Retornou ao grupo apreensivo, tão preocupado quanto os outros. Voltaram pra lida, volta e meia olhando pro céu, mas, ele estava azul, lindo e perfeito. Uma mulher, a mais velha do lugar, resolveu preparar um novo feijão, pois precisavam se alimentar, com mais duas mocinhas se puseram a cortar abóboras para cozinhar, com um certo medo, é certo, de que tudo sumisse de novo, mas, isso não aconteceu, mais tarde todos juntos e com muita fome, se fartaram de feijão com farinha, abóboras, bananas e água, quase como que, fazendo uma reserva matemática, dentro do estômago, caso tudo desaparecesse, de novo, isso, era até engraçado, apesar da situação. Os dias, meses e anos foram se passando, sem que tivessem encontrado, uma explicação, para o acontecido. A vida do roçado cooperado seguiu seu curso, ficando apenas na memória, quase como um causo de roça, a nuvem escura, que numa manhã de Sol, fizera desaparecer por algumas horas, os alimentos manipulados...
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 17 de abril de 2016.