As Malvadezas da Inveja

Nos arredores da mente de Pablo, pela janelinha de vidro, a Inveja sorria com a situação que conseguira provocar. A discórdia e desentendimento entre o jovem e seus colegas de trabalho.

A Inveja comemorava contente a discórdia construída. Enquanto sorria, parou por um instante. Foi envolvida por um som diferente e atraente, vindo lá de baixo. Imaginou ser uma festa e pensou, conversando baixinho consigo mesma:

- Aqui está tudo em ordem. Meu veneno já pegou. Agora vou para aquela festa. Posso encontrar meus amigos por lá. Tenho saudade da Raiva, da Ira, do Ciúmes, da Ignorância e do Egoísmo. Quem sabe tenho a chance de perturbar outros sentimentos.

Confiante, a Inveja resolveu ir onde estava o batuque. Foi em busca de diversão.

Enquanto caminhava, ensaiava alguns passos de dança, acompanhando o ritmo do som que ecoava cada vez mais alto.

Percebendo que o som era repetitivo, começou a reclamar:

- Estranho. Só fica neste ritmo. Que DJ é esse? Quando chegar vou mudar tudo. Agitar a casa.

Ainda ao longe, a Inveja viu uma luz brilhante. Animou-se:

- É ali mesmo. Pelo menos a casa parece ser boa. Espero que tenha válido toda esta caminhada.

Quanto mais ela se aproximava do local, cresciam suas más intenções. Estava ansiosa para espalhar sua maldade.

Porém foi perdendo forças. Mas não desistiu. Continuou e apertou os passos, mesmo fraca e com as pernas bambas. Indagou-se:

- Estou sentindo tonteira. Zonzo. E ainda nem bebi. Mas sou melhor que todos. Mais importante e especial. Serei o centro das atenções.

Chegou pálida e cansada. Bateu à porta de onde vinha aquele som. Ao ser atendida, com a voz fraca e entrecortada perguntou baixinho:

- Aqui é a festa?

- Você aqui? Como tem coragem? Não tem vergonha?

- Que bom que me conhece. Mas quem é você? Posso entrar na festa?

- Eu sou o Amor. Você está no coração do Pablo. E tem feito muito mal a ele. Pagará por isto.

Aos poucos, sentimentos que moravam no coração de Pablo aglomeraram-se envolta da Inveja. A força emocional e afável, como de costume, derrotou sua negatividade. E ela, sem energia, tentou argumentar:

- Ei gente, calma. Podemos conversar. Preciso de ajuda. Estou fraca. Acolham-me.

- Vamos jogá-la para longe daqui. Longe dessa vida. Disse o Otimismo, segurança do coração.

- Calma Otimismo! Disse o Amor. E continuou: - ela está sem condições de prejudicar qualquer pessoa. Está derrotada. Não fará mal a ninguém. È uma pobre coitada.

O Amor pediu aos sentimentos amigos para realizarem um mutirão e limpar todos os vestígios de ruindade deixado pela Inveja. Todos concordaram. Abraçaram-se e partiram para a missão de remover as vestes da indesejada. E ela permanecia calada até então. Mas não aguentou ficar em silêncio. Decidiu tentar trazer desajustes e provocar discussões naquele ambiente:

- Amor, sei que errei. Olhe só para mim. Estou arrependida. Mas acho que você é quem deveria ir até a mente do Pablo. Deixe de ser bobo. Não deixe que sejam mais especiais que você. Não deixe que…

- Inveja, cale-se! Não perca seu tempo! Seus tentos não funcionam aqui, neste coração cheio de bondade. Somos todos vacinados contra qualquer sentimento impuro.

Diante das palavras firmes e seguras do Amor, a Inveja calou-se. Assumiu que seus dias de maldade chegaram ao fim. Foi expulsa da vida do jovem, que depois de alguns conflitos, começou a sentir-se melhor.

Pablo não entendera o que houve, mas a sensação de paz dava-lhe conforto. Alegrou-se com o retorno da tranquilidade em seu local de trabalho.

Cláudio Francisco
Enviado por Cláudio Francisco em 02/01/2016
Código do texto: T5498315
Classificação de conteúdo: seguro