ABDUZIDO?
“Depois que deixei as moças na casa delas, fui direto pra minha rocinha.”, Josué começava a relatar. “Quando estava bem perto, vi algumas luzes no milharal e logo desliguei o farol do carro. Finalmente eu pegaria os moleques que estavam quebrando a minha lavoura.”
“Desci do carro e fui na direção deles, mas aquelas pestes que tinham ido embora e fizeram mais um círculo no meu milharal. De repente ouvi um zumbido muito forte, que começou a me dar uma tontura. Não conseguia ver de onde vinha o zumbido, mas as luzes que eu vi chegando na lavoura voltaram. Dessa vez elas estavam bem alto no céu, piscando sem parar. Eu queria correr, pois aquilo não era coisa de Deus! Mas eu não conseguia, minhas pernas não me obedeciam. Foi quando no meio daquelas luzes acendeu uma luz branca muita grande. Ela ia ficando cada vez mais forte, mais forte, até que não consegui enxergar mais nada.”
“Quando essa luz apagou, eu não estava mais no meio do milharal. Estava dentro de uma sala toda branca, sem porta e sem janelas. Foi quando abriram um buraco quadrado na parede, parecido com uma porta, e de lá saíram três homens. Não sei se eram homens, mas eram altos e fortes, parecidos com o Antônio lá da venda. Eles usavam uma máscara cinza, mas deu pra perceber que eles não tinham cabelo.”
“Eles chegaram perto de mim e me agarraram, tentando me levar para fora daquela sala. Comecei a perguntar quem eles eram e o que iam fazer comigo, mas tudo o que eles sabiam fazer era estalar a língua. Era assim que parecia o som que eles faziam. Enquanto eles me tiravam daquela sala, eu tentava fugir, mas os homens eram muito fortes. Eles me levaram até outra sala, tiraram minha roupa e me deitaram numa cama. Eu estava muito assustado e não parava de perguntar o que eles queriam comigo. Mas só ouvia o estalar de língua.”
“Eles me amarraram e ligaram uma luz bem forte na minha cara. Do meu lado tinha uma televisão com várias luzes coloridas e outra que mostrava o meu corpo. De repente, aqueles homens começaram a enfiar uma mangueira pelo meu nariz. Aquilo doía demais. Eu pedia para pararem, mas eles não se importavam. Enquanto eu gritava, pude perceber seus olhos; aqueles grandes olhos amarelos por trás da máscara. Só de lembrar, sinto calafrios.”
“Enquanto um deles mexia com aquela mangueira, outro começou a espetar meu dedo. Eu percebia meu sangue pingando. Por que ele queria meu sangue? Por quê?”, Josué começava a ficar muito desesperado enquanto se lembrava, chorando de nervoso. “Aqueles caras tiraram a noite para me fazer mal. O terceiro pegou um tubo, com uma mangueira na ponta, e colocou no meu, no meu... Aquilo não era pra me dar prazer, cara! Não era! O que eles queriam tirando essas coisas de mim!”
“A última coisa que lembro foram eles tirando a mangueira do meu nariz e colocando uma máscara de onde saía um gás. Depois, tudo apagou.”
“Rapaz, que cachaça você bebeu ontem?”, Beto não conseguia segurar o riso depois de ouvir o relato do amigo. “Essa história é muito louca. Bem que percebi que você não estava legal quando te vi andando sem roupa pela estrada. Que festinha você fez com as moças, hein?”
“Que festa, o quê! Estou te falando a verdade. Aqueles homens fizeram algo comigo!”
“Vamos fazer assim. Vou te levar ali no médico e ele vai te dar um remédio pra passar o efeito disso que você usou”, Beto não parava de rir. “Cara, você é ótimo!”