A prepotência
No silêncio da noite, na calmaria abissal de uma longa madrugada regada a apenas pão e água e que parecia ser sem fim, no vão do ermo de esquecimentos desimportantes, pela falta de um não vir a ser, nasceu, porém já agonizante, a minha prepotência.
Estreou prepotente, sim, ensimesmada; aliás, como a própria retórica desta frase que ora ensaia um tom grave.
Em relação a esse seu surgimento subjetivo, não mensurável e arbitrário, não apresentou pontos de vista, provavelmente, por supor ter, vejamos, mais que isso: mirantes de vista, ou, ainda, por imaginar ser a única a ser mirada de todos os pontos. Mas já nasceu mesmo agonizante, semi - potente, haja vista que se precipitou por logo construir enormes castelos de areia durante o recesso das marés. Isso foi fatal, erro de principiante.
É evidente que, para que isso não ocorresse, lhe bastaria perceber a diferença entre essa sua insurgência suicida e a de um amanhecer sob o ponto de vista do pensamento bacante, que azeita a usinagem de um Pessoa, ou, simplesmente, determinada clarividência de um vir a ser Macabéa.
Fato ou opinião, não importam agora engenheiros de obras prontas; encontra-se em falência múltipla de vetores a minha recente prepotência, constituída em plena crise de abstinência etílica. Só vejo um único caminho a seguir: o da geladeira, onde deixei resfriando um tinto californiano; daqui a pouco já é madrugada mesmo!