150 – METAMORFOSE...

Estendo meus olhos envelhecidos sobre as coisas novas, e num repente transformista, meus olhos rejuvenescem e as coisas novas tornam-se velhas!

O que me espanta é essa mania de envelhecer todas as coisas num simples olhar, nada se perpetua na sua juventude, mas tudo se envelhece no meu olhar.

E assim neste constante envelhecer, o mundo me cansa e torna-se melancólico, acinzentado, monótono, e cheio de espaços solitários e vazios.

Tudo isto me leva a caminhar pra dentro de mim, fecho os olhos e me refugio nas estreitas ruelas das sensações da minha alma; calado, soturno, espanto a realidade com uma irrealidade nascida no imaginar, no pensar e no meu sentir, e esta irrealidade se sobrepõe de uma maneira espetacular e esplêndida sobre todas as demais coisas.

Quando volto a abrir os meus velhos olhos para coisas do redor, as coisas do redor continuamente vão se envelhecendo e acinzentando, o redor me causa asco e se torna fútil, então eu fecho os meus olhos agora já rejuvenescidos e volto a refugiar dentro de mim, moradia fugaz da minha solidão.

E neste contínuo envelhecer rejuvenescer, paulatinamente eu sinto que o meu mundo de dentro sobrepõe ao mundo de fora, e feliz ou infelizmente passo a viver mais na irrealidade das coisas, e neste eterno vai e vem dos momentos começo a me confundir, a embaralhar-me entre o que vejo e o que sinto.

Das vezes por uma nesga de claridade real, olho para o mundo cerceador com espanto e admiração, como se novidade fosse, então eu firmo mais e mais o meu olhar por sobre as coisas, e as coisas enegrecem, entristecem, e amofinam, e eu volto outra vez pra dentro de mim, pensativo naquilo que vi, admirado e pasmo, se a realidade é uma fantasia, ou se a fantasia é uma realidade.

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 16/05/2013
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