Expresso da morte

Sandra tinha saido de uma festa. Era aniversario de um amigo. Estava de salto alto, vestia meia calça, uma blusa laranja, juntamente com um casaco preto. Seu relógio marcava 2:34. Foi para a parada. Não ficou nem cinco minutos esparando. O onibus chegou. Não tinha ninguém. Também, naquele horário,pensou. Não tinha cobrador nem catraca.

-Que estranho.

Se sentou e se encostou na janela;pois estava cansada. Dormiu. Acordou sobressaltada e olhou o relogio.3:43.

-DORMI DEMAIS!

Sua casa ficava a meia hora da parada. Ela se levantou e foi até o motorista.

-Senhor,eu me passei. Eu vou descer aqui.

O homem, que estava de boné continuava olhando para a frente.

-Senhor, abre por favor. - nada dele - SENHOR!

Ela viu um botão vermelho, quando foi apertar, a mão do homem agarrou seu pulso. Não era uma mão comun. Eram apenas ossos. Ela deu um grito e foi para trás. Caiu.

-Volte para o seu lugar - disse o homem. - Ainda não chegamos.

O motorista olhou para ela.

-Meu deus! - ela murmurou.

O rosto era de um esqueleto.

Ela se levantou e foi para trás. Se sentou.

-Isso não pode estar acontecendo - falou.

Pegou seu celular, que estava em seu bolso. Tinha apenas um pontinho de sinal. Ligou para Mark, seu namorado.

-ALô? - a voz parecia meio espantada.

-ALÔ! ME AJUDA! Eu não sei o que está acontecendo. Por...

-Sandra... é você?

A ligação estava falhando.

-Me ajuda!!! - ela olhou para os lados e viu que estava rodeado de arvores. - EU NÃO SEI ONDE...

-QU... É? SAND.. É VO... MAS C...

A ligação caiu.

-DROGA!!! O que está acontecendo?

O onibus parou e ela viou o homem esqueleto vindo em sua direção.

-O QUE VOCÊ QUER? ISSO É ALGUMA PEGADINHA???

O motorista esqueleto chegou perto dela.

-Me deixa embora. - falou chorando.

-Bem que eu queria, mas não posso.

-Do que você esta falando? Claro que pode. É só apertar aquele botão. - parecia uma criança falando.

-Não está me reconhecendo?

Ela olhou novamente para o motorista.

-Isso é um sonho. É um sonho. - falava sozinha.

-Eu sou a morte.

-ENTÃO ME MATA DE UMA VEZ! -gritou - VAMOS!

-Não se pode matar duas vezes, querida.

-Do que você está falando?

-Por acaso você não viu o buraco de bala em seu peito?

Com medo, ela olhou para baixo. Realmente, tinha um buraco. Sangue saia do meio de sua barriga. Ela tocou para ver se era real. E era.

-Você sofreu uma tentativa de assalto. Tentou reagir e acabou levando um tiro. E agora, cabe minha função, leva-lá.

Sandra começou a se lembrar. Depois da festa, dois homens tentaram roubar sua bolsa. Depois não se lembra de mais nada. Apenas de ter ido pegar o ônibus.

-Não pode ser- murmurava- Isso não pode...

-Mas é. Agora que você já sabe vou continuar dirigindo.

-MAS.. - ela se levantou - EU ME SINTO BEM! Me sinto normal! E... Mark... eu falei com ele!!!

-Claro que você falou com ele. - falou sem olhar para ela - Afinal, quantos mortos já tentaram contato?

Por isso que Mark estava com uma voz assustada. Provavelmente já estava sabendo de sua morte. E quando eu liguei....

-Meu deus! Para onde você está me levando?

-Para onde você acha? Purgatório. Lá você será julgada e ai verá se irá para o céu ou inferno.

Ela voltou a se sentar. Meia hora depois, o onibus parou.

-Chegamos.

A porta se abriu. Sandra saiu. O lugar era uma espécie de caverna. Pessoas acompanhadas ou sozinhas circulavam pelo lugar. Viu algumas crianças chorarem.

-Onde estou mamãe?

Ela sentiu que aquelas pessoas estavam sofrendo. Ela notou um homem alto de chifres arrastando duas pessoas.

-VOCÊS VÃO PRO INFERNO! -gritou

-Eu quero ir embora - Sandra falou - Não quero ficar aqui. Preciso voltar.

Mas era preciso. Ela sabia.

Bauer
Enviado por Bauer em 25/05/2011
Reeditado em 26/08/2011
Código do texto: T2993288