O SANGUE ÁGUA
O primeiro encontro a jogou no chão. O solavanco do outro corpo com o seu arremessou para o próximo. Corpo. Derramado no chão, escorreu. Pouco tempo até se levantar.
Em pé, encontrou novamente. O corpo derramado de outra pessoa caída encontrou o seu. E derrubou o corpo no chão. Tingindo os joelhos de vermelho. Nos paralelepípedos caiu. Novamente a encontraram. E esfolaram repetidas vezes seus joelhos. Esfolados. Os joelhos mantiveram-se em pé. Novamente.
Abruptos, os corpos se encontraram. Na rua, as pessoas chocavam-se. As pessoas. Vivendo, cegando o caminho, atropelando. O próximo esfolou os joelhos. Caindo no chão, ninguém se levanta. Do chão ninguém sai. Do caminho não escapam.
Dispostos, esparramados permanecem. No chão. Continuam até que alguém se levante. E cai o próximo que segue, se ergue. Para cair com um encontro. Abrupto solavanco arremessando ao chão. Ninguém fica em pé. Com os joelhos fraturados, expostos. Vêem-se e se envergonham da massa. Ninguém sai. Do chão, vistos como um todo, é apenas massa. Corpórea carne disposta, exposta. A fratura nos joelhos impede que fiquem eretos. Curvam-se, deitam-se na massa. Adormecem juntos. Derramados no chão. Ninguém consegue sair. Do lugar fazem casa. Dos pés enraizando. O sangue água. Fertiliza.