A doença do médico.

Eu acordo em um dia de domingo. Eu não me sinto bem.

Olho pela janela, não tem ninguém na rua. Olho na agenda telefônica, nenhum nome.

No espelho, não vejo nada. Os prédios estão brancos, sem janelas, quadrados.

Eu me vejo sozinha. Não uso mais aliança de noivado.

Não tenho mais meu diploma em medicina. Não tenho mais móveis, nada.

Sinto meu cabelo muito descabelado, mas não acho escova. Tento pentear com as mãos,

Mas não acontece nada,como se minhas mãos nem estivessem ali.

Não tem comida nem água. Para dizer a verdade, até o ar está estranho.

É estranho estar frio em um dia de verão. Está muito frio. Eu começo a perder a visão e os movimentos. Caio no chão. Quando novamente abro os olhos, estou com alguma espécie de camiseta que me prende os braços.

Estou em uma sala branca e acolchoada, cheia de quadrados brancos. Tudo naquela sala é branco. Tudo. Eu percebo uma porta, dela entra um homem que me alimenta com uma espécie de ‘’papinha’’, branca também, e ele me dá leite, frio, ainda por cima. Ele saí do quarto.

Eu me vejo sozinha de novo, mas dessa vez, eu consigo sentir meu corpo. Mas o que eu mais sinto, só por estar ali, é dor.