Saber Amar
Saber amar
Saber amar, é saber deixar alguém te amar...
Está aí uma frase em que eu nunca acreditei,
nunca soube amar alguém que tenha me amado de verdade,
amor puro, de alma limpa.
Quando falo amar de verdade, nem sei em que me refiro,
pois tenho lá minhas dúvidas ao que se refere amar e ser amado, na mesma proporção, com a mesma intensidade, minhas primeiras experiências, foram sem dúvidas decepcionantes,
meus primeiros amores não foram nem um pouco correspondidos,
daí em diante, a coisa correu sempre mal, porquê deixei de saber amar, Passei então apenas à saber deixar alguém me amar, não vendo ligação em ambos os casos, mesmo não correspondendo à esse amor, achei que poderia estar alimentando esse sentimento para uma satisfação primitiva e pessoal.
Isso é um pouco complicado, se pensarmos muito à fundo,
podemos chegar à imaginar que estamos usando aquele parceiro ou parceira, o que faz com que fiquemos ainda mais confuso, agora com peso na consciência,
sim, porquê situações como estas, nos deixaria em vantagem;
calculamos o que vamos dizer, fazer, sempre com o objectivo de impressionar, enquanto que, quem recebe a informação pode estar sem armas de defesas, pode até estar a procura de tudo aquilo que está à acontecer, estar frágil, com o coração aberto, sensível e indefeso.
Eu estou sempre à dizer as minhas companheiras,
"quando eu não tiver mais a fim, vou me embora", ou
" quando não tiveres mais a fim, vai te embora ",
não sei porquê digo, mas sinto a necessidade de mostrar que aquela relação não é segura, duradoura, que não vai ser para sempre,
"até que a morte os separe".
Acho que gosto de brincar com meus sentimentos, já que por vezes, perco essas pessoas sem ao menos esperar, sim, porquê apesar de não transmitir qualquer segurança na relação, imagino sempre que estou consciente e preparado
Para o que há de vir, que se por ventura, essa pessoa vir à me deixar, vai ser exactamente
O que quero que aconteça, que não vou sofrer, que vou estar bem e feliz, o que geralmente não acontece, logo após um chute no traseiro, me deparo com sentimentos
que até então não sentia, passo a sentir a perda e percebo que vou sofrer se não tiver essa pessoa ao meu lado, pessoa esta que antes de acontecer o acontecido, por vezes me vi desprezando, não apenas a pessoa em sí, mas um amor desacreditado por mim, naquele momento eu deveria estar comprovando um amor falso, que não aguentou o mínimo de sofrimento
necessário para se mostrar verdadeiro, como se eu tivesse feito tudo o que fiz apenas para provar que esse amor não estava á altura de ser respeitado.
Ao contrário disto tudo, vejo diferente, percebo que nenhum sentimento puro e verdadeiro
aceita dúvidas, provas e rejeições, todo o amor, tem um limite e muitas vezes esse limite está no respeitar quem o sente, percebo ainda que até posso rejeitar quem o sente, mas jamais o amor, esse tem que ser compreendido, aceito e respeitado.
Assim é que se aprende a amar, assim é que aprendemos o que é amor, percebo que é impossível não corresponder ao amor, só aprendemos o que é amor estando próximo dele, convivendo com ele, estudando e valorizando-o.
Só assim vamos perceber que alguém nos ama de verdade
e só assim vamos perceber que amamos alguém de verdade.
Tudo isso se restringe ao facto de que nunca terminei uma relação, apesar de ter conquistado e estado com varias mulheres, posso dizer, que relação séria em que podemos nos dar ao luxo de ter que encerrar algo, não me ocorreu muitas vezes, porém sempre tive o desprazer de chorar as pitangas, de implorar que ficassem comigo, que mudaria, que já tinha compreendido os nossos sentimentos.
Nunca consegui reatar, deixo chegar sempre ao extremo de forma à não haver possibilidade de reconciliação, acho que talvez por não perceber, ou perceber tarde demais, quem sabe seja uma estratégia que meu inconsciente permite, acredito na possibilidade de mudar o sentido de ao menos uma história de amor, (se é que posso falar assim), talvez eu seja ainda muito imaturo no que toca ao amor para não perceber a hora de mudar e acreditar mais nesse sentimento, ou ainda me deixar livre, senti-lo penetrar em minhas veias. Apesar disto, ainda desejo saber amar, saber me entregar ao amor, mas também ainda desejo estar só, porém não tão só…
Coimbra, 07/08/2008