Metamorfose - Do Crime ao Heroísmo - Cap. I
1 Sob custódia
Levado por dois policiais, Maicom entrava na sala de visita. Ele era recém acusado e preso preventivamente por tráfico. Havia em sua mochila quando foi pego, um tablete de cerca de um quilo de cocaína, o que fez a policia o indiciar como chefe do tráfico na cidade.
Quando Maicom entrou, avistou um homem sentado o esperando. Era um homem convencionalmente vestido, com ar de pessoa culta. Ao avistar Maicom colocou a maleta a qual carregava, na mesa. Maicom sentou olhando fixamente para o ele.
– Boa tarde Maicom. Sou seu advogado. Meu nome é José. Estou com uma copia do seu inquérito.
– Boa tarde. - falou Maicom
O advogado pegou uns papeis de dentro da maleta e começou a passar as folhas uma a uma. Tratava-se de papeis do inquérito.
– Vejo que o acusam de ser chefe do tráfico. Mas poderemos resolver isso. Pode confiar em mim. - o advogado José parecia muito confiante
– Confio no senhor doutor e sei que irá desqualificar esta acusação. O tablete de cocaína não era meu, o colocaram na minha mochila. - Maicom estalava muito os dedos
Erguendo um pouco os papeis, o advogado os bateu na mesa para organizar. Depois os guardou na maleta a fechando. Ele queria passar uma boa impressão para Maicom. A certeza de que seria inocentado.
– Já que nega a acusação, vou tratar de colocá-la logo no processo, para que o juiz veja. Parece que não há testemunhas apenas o suposto flagrante. Dessa maneira, por ser réu primário você pegará pena mínima e estará na rua em menos de um ano. - explicou o advogado
– Um ano, sou inocente, é muito tempo. - falou Maicom
– Não é possível negar o flagrante, um ano é o máximo que posso prometer. - declarou olhando para a maleta, o advogado
– Eu aceito. Tudo fechado. Mas diga, quem o contratou ? - perguntou Maicom
– Sua mãe. - respondeu o advogado
Fechando a maleta, o advogado olhou para Maicom que esboçava pouca reação, na verdade ele não via a hora de sair dali, mas a notícia de que no máximo sairia em o ano, o desanimava. Entretanto, mesmo assim, via que era a melhor saída. Só restava acatar a decisão e torcer para que sua saída fosse em um ano mesmo.
Maicom apresentou outra preocupação, com o exame supletivo para conclusão do ensino médio. Ele queria algumas explicações, e o advogado, classe sempre bem antenada, poderia atender.
– Doutor José, tenho que tirar uma duvida com o senhor. - Maicom parecia inquieto
– Diga meu amigo. O que quer saber ? - perguntou amavelmente o advogado José
– Pretendia fazer o supletivo do ensino médio este ano. Queria saber se posso fazer mesmo preso. - a cara de Maicom era de preocupação
– Não se preocupe, vou enviar um pedido para o juiz para que possa prestar o exame.
– Eu o agradeceria muito, doutor. - Maicom estava mais calmo
Arranhando a mesa com a unhas que por sinal estava muitos grandes, Maicom sabia que a conversa com o advogado não tinha terminado. Precisava tratar de todos os assuntos possíveis: família, parentes, amigos, negócios, namorada, entre outros.
– Você tem namorada, alguém especial que quer que eu entre em contato ? - Questionou o advogado
– Tenho sim doutor. É a Dulci, meu querido amor. – emocionado em lembrar da amada Maicom ficou com cara de paisagem
– O que quer que eu diga para ela ?
– Quero que diga que eu a amo muito, que vamos lutar pela minha inocência para que eu logo saia daqui. - afirmou Maicom
Acenando positivamente com a cabeça, o advogado ergueu a mão para que Maicom a apertasse. Era um gesto de compromisso assumido, e de que não faltaria empenho dele para atendê-lo. Maicom também se levantou e apertou a mão do advogado que estava erguida.
– Guarda! - chamou o advogado José
O guarda apareceu e abriu a porta da sala de visitas. Maicom voltou a sentar. O advogado fez um sinal de até logo para Maicom, depois um de positivo para o guarda. Logo em seguida saiu. O guarda pediu para Maicom se levantar, acompanhou-o até a cela, onde tinha mais dois colegas.
Os apelidos dos dois colegas eram Galego e Gato. Estavam presos também por tráfico, mas já tinham a condenação, ficando apenas no aguardo para transferência ao presídio. O mesmo que Maicom iria logo que condenado.
– Iai mano! Tudo bem seu papo com o dotor ? - perguntou Gato
– Ele disse que no máximo um ano eu saio daqui. - respondeu com paciência Maicom
– Tomara brother, ninguém merece fica preso. - declarou Galego
Se percebia a cara de serio no rosto de Maicom. Estava emocionado com a conversa que teve mais o advogado. Pensando apenas em descansar. Em trazer suas emoções de volta ao normal. Então fez um sinal de positivo para Gato e Galego e deitou-se.
Amanhecendo o dia, Maicom tratou de pegar sua escova de dentes e colocar o creme dental, em seguida foi para a pia escovar os dentes. Na frente da pia, ligou a torneira, colocou a escova com o creme dental embaixo da água. Após tudo pronto, começou a escovar os dentes.
Não demorou muito e Maicom já tinha os dentes escovados e também lavado o rosto. Gato e Galego foram logo depois dele escova os dentes. De volta a cela, procuraram se conhecer mais um pouco. Queriam criar um laço mais próximo.
– Mano, com quantas trouxas de droga você foi pego ? - Gato parecia muito interessado
– Com um tablete de um quilo. Mas não era meu, tentaram me incriminar. - Maicom parecia querer muito a concordância de Gato e Galego
– Brother, não se preocupe, todos somos inocente. O difícil é provar. - Galego olhava seriamente para Maicom e acenava para Gato
– Meu advogado vai resolver tudo. Confio nele. - declarou abertamente Maicom
– Nós, eu e o Galego, já vamos ser transferido para o presídio. Não é agourando, mas nos encontraremos lá. - Gato se levantava da cama
– Tudo bem, agora vamos tomar café. - pediu aos dois, Maicom
Partiram os três para o refeitório. E Logo encontraram uma mesa com quatro lugares, onde se sentaram. Os outros lugares já estavam todos ocupados. Sendo assim, não tinham muita escolha. Passados alguns minutos, o copeiro serviu o café. Mesa após mesa. Parece que tinha uns trinta custodiados. Assim, com a ajuda de dois auxiliares, terminou de colocar as mesas muito rápido.