O dia que não acabou

O tiro dado por Luís atravessou o ombro de Horácio fazendo com que ele derrubasse a faca, além de fazê-lo balançar pra trás. Luís aproveitou a oportunidade para se aproximar correndo com o intuito de prendê-lo, mas nesse momento, observou que a faca não estava no chão. Ela tinha atravessado o peito de Hermeto, que, num ato heroico, salvou a sua amada. Júlia, ao perceber o que se passara, começou a chorar em silêncio, devido aos graves ferimentos sofridos. Em meio a tudo isso, Horácio se levantou e ia em direção à faca, mas parou diante da chegada de Luís e do apoio do delegado Esteves, que estava camuflado no local.

- Acabou, seu puto! Pro chão! Pro chão, agora!

- Calma, seu delegado, até parece que eu machuquei alguém importante...

Nesse momento, Luís aplica um murro na face esquerda de Horácio, descontando um pouco da sua raiva pelo acontecido.

- Calma, Luís! Deixe que daqui eu assumo, vá ajudar aos demais, que eu já chamei a ambulância.

- Arf.. arf...

- Olha, eu sei que ele é um miserável, mas agora tá preso e a gente vai poder questionar pra saber mais informações sobre os crimes dele e da gangue Lâminas, pense nisso!

Relutante, Luís se acalmou e foi auxiliar a Hermeto e Júlia. Após desamarrar Júlia, notou que ela tinha perdido bastante sangue, o que o preocupou. Já Hermeto, não tinha pulso, levando a pensar o pior. Tentou reanimá-lo com respirações e nada dele reagir. Felizmente, a ambulância chegou para auxiliar. Contudo, as impressões de Luís estavam certas: Hermeto faleceu. Júlia ao notar isso, desmaiou, o que facilitou o trabalho dos paramédicos. em colocá-la na ambulância para ir ao hospital. Tudo acabado, certo?

Não. Na saída do armazém, Luís notou uma mesa pequena com algo em cima. Aproximou-se e viu um bebê com um corte que ia do pescoço até o umbigo. Era o filho de Júlia e Hermeto! Luís não aguentou o susto e acabou vomitando um pouco. Sentiu um misto de mal-estar com falta de ar quando percebeu a que ponto chegou um assassino como Horácio, o qual, diante de tudo isso, seguia com um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido. Começava a pensar que deveria ser mais precavido nos próximos casos, principalmente sobre com quem estava lidando...

- Ah, então você achou? Pois é, eu não poderia deixar uma criança viver sem seus pais né? Seria melhor matá-los todos de uma vez?

- Seu bastardo! Como você pode fazer isso? Acabar com toda a vida de uma família a troco de sua própria ganância?

- É a minha sina.

Antes que Luís voasse pra cima dele, Esteves o impediu, colocando Horácio no carro e o despachando para a delegacia. Se continuasse agindo daquele jeito, Luís corria o risco de estragar toda a investigação. Não à toa, Esteves o disse para ir ao hospital acompanhar a situação de Júlia, também gravemente ferida e sob risco de vida. Para ter certeza de que ele "realmente" iria, o mandou em um dos carros dos delegados que o auxiliaram na investigação, pegando as chaves do carro de Luís para levá-lo depois.

Chegando ao hospital, Luís foi direto ao balcão buscar informações sobre o estado de Júlia, sendo informado de que ela estava passando por cirurgia. Apesar do alto estresse que estava passando, ele só podia torcer pra dar certo, especialmente ao conseguir negociar com a polícia para só avisar Letícia, depois que sua irmã estivesse bem. Para o seu alento, a cirurgia foi um sucesso, ligando para Letícia para avisar onde estava e que ela viesse para o hospital. Atordoada, Letícia foi ao encontro de Luís.

- Nossa, como você está detonado, Luís! O que aconteceu por aqui?

- Muita coisa, Letícia. Por isso, que vou pedir para você se sentar.

- Ai caramba, Luís...

- É exatamente por aí, Letícia.

- Então...

- Então, que o seu cunhado Hermeto e seu sobrinho faleceram.

- O quê? Como assim?? Isso é verdade? E a minha irmã?? Meu Deus, Luís!

- Pois é, pois é. E o pior de tudo, a pessoa responsável por isso foi o seu "namorado".

Chocada com a notícia, Letícia ficou sem reação a não ser desmaiar de bate-pronto. Felizmente, ela estava em um hospital e foi levada para um quarto, para se recuperar, enquanto Luís foi pro quarto, conferir como estava Júlia. Estava bem, sob coma induzido e recuperando-se da operação. Ao sair da sala e se dirigir para o hall de entrada, seu telefone tocou com um número desconhecido. Geralmente, não costumava atender, mas depois do dia que teve, não iria fazer concessões.

- Alô?

- Sabia que você não era só um rostinho bonito. E joga bem, também...

Quem seria?

O andarilho

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 09/05/2020
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