Turbulências

Encontrar com Letícia naquele dia, abrira uma janela de oportunidades para Horácio, uma vez que planejava se infiltrar para "conhecer melhor" sua irmã e seu cunhado. Por algum motivo que não sabia explicar achava aquela família especial, então decidiu aproveitar a aproximação de Letícia para criar laços e se manter próximo...

Para tanto, passou a prestar interesse e dialogar com Letícia com frequência similar a que um namorado fazia. Ao mesmo tempo em que se aproximava, tentava também influencia-la a convencer a irmã a dar uma segunda chance ao seu ex-marido, coisa que Letícia repudiava com todas as forças, mas agora sem tanta resistência, apesar de achar estranho, um ilustre desconhecido que se mostrava tão interessado em sua vida, mas pouco falava da dele.

Horácio tentava manter a pose de bom moço e diplomata, embora apresentasse um rompante de ansiedade em alguns momentos, sobretudo por não estar acostumado com tanta demora para cumprir uma "missão". Ter paciência era importante, mas sua necessidade por matança, mostrava-se como uma doença e, o longo tempo sem matar ninguém, o estava afetando, o que poderia levá-lo a adiar o seu objetivo principal, com o intuito somente de "aliviar a seca".

Estava chegando perto do seu limite, quando soube por Letícia que sua irmã, enfim, dera uma chance para seu ex-marido tentar a reconciliação. Aquilo o animou, especialmente para começar a bolar uma estratégia, para encurralar Júlia e Hermeto. Só bastava saber qual seria o melhor momento para tanto, assim como se aquela união, de fato, iria se sustentar. Era o momento para ser minucioso e não dar com os bodes n'água.

O que o levou a estipular um período de seis meses para a relação ser bem-sucedida. Somente a partir daí, poderia começar a agir. Todavia, não podia esperar tanto tempo. Decidiu, pesquisar alguma família na vizinhança para aplacar a sua sede, o que o levou a Dona Gertrude e sua neta, Denise. As vítimas moravam no centro da cidade, próximo a um hospital, e as descobriu por acaso enquanto tomava um café e as observou da janela, ao regressarem ao seu apartamento, enquanto tomava café na esquina.

Horácio optou por observá-las por uma semana, antes de agir. E na semana seguinte, colocou um calmante leve em suas bebidas, o suficiente para que pudessem chegar ao apartamento, antes de desmaiarem, um tipo de efeito retardado. Havia estudado a fechadura também, posto que não queria ter nenhum contratempo. E, como esperado tudo ocorreu nos conformes. A entrada de Horácio no apartamento foi rápida. Ao encontrar Gertrude e Denise caídas, só teve o trabalho de pega-las e fazer o que tinha que fazer. Matá-las enquanto contava o quão privilegiadas elas eram por "morrerem como uma família". E como todo psicopata, levava um "troféu" como lembrança do feito. No seu caso era uma peça de roupa íntima das vítimas.

Com essas mortes no currículo, Horácio aliviou suas próprias tensões e começou a pensar com clareza em um modo de agir para o seu objetivo principal.

Ainda restavam 4 meses do período que estipulara para a estabilidade da relação. E também para definir o que fazer com Letícia: continuaria a tratando como amiga ou cederia as suas investidas para algo mais? Talvez pensasse na segunda opção tendo em vista, o seu objetivo. O sexo casual funcionava muito bem para ele, mas para atingir seu objetivo precisava de mais. Talvez por isso, ligou para ela para marcar um almoço.

No dia seguinte, encontraram-se no centro para conversar. Horácio achava a oportunidade perfeita para sondar o território e preparar terreno. Melhor ainda que Letícia o recebia com bom humor, o que facilitava a sua interação. Todavia, ao longe, uma figura o observava de longe, curioso. Era Luís, que, por puro instinto, decidiu ficar à distância, uma vez que as falas de Letícia sobre Horácio não batiam com o que via e sentia. Seria esse o suspeito de algum crime?

O Andarilho

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 24/11/2019
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