Capítulo 01 : O Zero

Estava inquieto aquela noite. Mais um caso, muitas perguntas com respostas rasas e duvidosas.

Jug olhava impaciente para a janela, mais um dia chuvoso na cidade de Florianópolis. Seu apartamento era uma bagunça aconchegante, havia passado muitas noites em claro tentando desvendar o caso sem sorte alguma. O som familiar do seu celular começa a ecoar pelo pequeno apartamento escuro. O telefone estava oculto. Era ele.

Fazia dias que estava tentando desvendar o mistério de vários assassinatos causados por um psicopata que se intitulava de “Zero”. Era um assassino vaidoso, sempre deixando uma trilha sanguinária para que todos falassem sobre ele.

-Detetive Jug – atende com a voz firme.

-Bela noite – a voz modificada saia pelo pequeno aparelho – estou satisfeito esta noite, meu amigo. Você já jantou no Fox, detetive Jug? – logo em seguida a ligação fica muda. Suas ligações tinham o mesmo padrão, Zero praticava seu ato brutal, jogava a dica sobre o local e desligava não dando oportunidade para um diálogo.

O detetive corre pelo apartamento escuro, um ambiente pequeno e muito antigo. As paredes eram de certa forma deprimentes e davam uma aparência de abandonado, pintadas com algo que um dia havia sido um verde-musgo. O homem anda até seu quarto vestindo rapidamente sua calça preta. Era um homem alto, olhos escuros como carvão assim como seus cabelos, tinha 40 anos de idade, mas ainda estava em ótima forma. Vivia de forma mediana, trabalhava como detetive solo.

Anda apressado até a porta parando na mesma para dar uma última olhada, tinha vários copos de café espalhados por todo canto e diversos barbantes de cor vermelha espalhados pela sala ligando cada crime cometido.

A chuva caia forte, uma típica cena de filme, era como se o céu chorasse por mais uma morte. Corre até o carro, dirigia um fusca de mesma coloração que as paredes de sua casa, pode-se dizer que possuía uma afeição com a cor.

Acelerava pelas ruas da cidade, precisava chegar logo ao local, era mais fácil de conseguir evidências se fosse o primeiro na cena do crime. No final da rua via a luz vermelha emitida pela placa no restaurante, era um local chique, somente pessoas de alto escalão frequentavam. Nunca ia até aquela parte da cidade, tinha um certo nojo de pessoas assim, pessoas que julgam pela classe social.

Foi parando lentamente ao se aproximar do restaurante, a rua estava deserta assim como o estabelecimento. Estava tudo completamente vazio, o que era muito estranho, pois aquela parte da cidade costuma ser sempre movimentada, ainda mais em uma sexta-feira.

O homem checa o relógio no pulso que marcava 00:30. Começa a olhar de forma minuciosa pelo local. A rua estava apenas iluminada por dois postes com luz fraca e a placa do restaurante, o que dava aquela rua uma aura estranha, como em filmes de terror. A adrenalina corria em suas veias e seu corpo se preparava para qualquer situação de sobrevivência.

Ser detetive é uma profissão realmente complicada, dolorosa e muitas vezes nauseante. Ainda tinha pesadelos com certos casos, o ser humano conseguia ser cruel de uma forma muito extrema às vezes, perdeu a conta de quantos corpos já investigou, e quantos foram brutalmente torturados antes da morte.

Abre parcialmente a porta do pequeno fusca e antes de sair para a chuva pega seu revólver ASTRA NC6 e o prende atrás da calça, havia criado o hábito de andar armado desde seu último caso.

Começa a andar apressadamente pela chuva, sua roupa já estava encharcada, seus passos ecoavam por toda rua causando um som aterrorizante misturado com o som da chuva sendo chocada contra o chão. Corre em direção ao beco próximo ao restaurante, leva rapidamente a mão ao revólver.

Foi então que Jug, o detetive mais destemido da Ilha se sentiu um bolo se formar em sua garganta e antes que pudesse evitar já estava vomitando ao olhar a cena brutal. Duas pessoas tinham seus rostos e corpo completamente sem pele, estavam tão desfiguradas a ponto de não ser possível qualquer identificação. A carne de ambos estava exposta, pendurados por cordas coloridas. O sangue pingava no chão misturado com a forte chuva, ao baixar o olhar viu que havia milhares de flores no chão, todas da cor branca manchadas com o sangue das vítimas.

Depois de muito esforço Jug consegue finalmente se levantar do chão, a cena tinha causado um grande enjoo. Saca o telefone do bolso ao mesmo tempo em que guarda a arma no local de sempre e faz a ligação para a polícia passando as coordenadas do local, começa a caminhar em direção aos corpos mutilados.

Uma raiva toma conta do seu corpo, o assassino havia deixado uma foto. Uma garota loira sorria feliz para a câmera, usava uma blusa azul bebê e tinha os olhos verdes claros, ao seu lado estava um garoto que a olhava com admiração, um tímido sorriso brincava em seus lábios, tinha os olhos escuros e um cabelo ruivo espetado. Ambos aparentavam ter no máximo 24 anos de idade.

Suas mãos se fecham com tanta força fazendo suas unhas cortar a pele da mão. Prometeu a si mesmo que dominaria aquele caso, e daria um fim doloroso aquele ser nojento.

caroltell
Enviado por caroltell em 26/04/2019
Código do texto: T6632999
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