Efni

[Continuação de "Verkefni"]

[Fyrirvari: þessi smásaga er hluti af áframhaldandi og óunninni sögu sem gerist á Íslandi]

Emma Hjoertursdottir havia acabado de fechar a janela do quarto, por conta da chuva pesada que começara a cair, quando ouviu baterem na porta da frente. Apreensiva, dirigiu-se para lá e antes de abrir, olhou disfarçadamente por uma fresta de uma das janelas frontais. Suspirou de alívio ao ver a dupla de policiais em frente à sua porta, os uniformes pretos encharcados. Abriu.

- O clima nas Vestmannaeyjar nunca decepciona - declarou o policial com expressão divertida, tomando a dianteira e entrando na casa, deixando pegadas enlameadas no piso de madeira.

- Desculpe, dama Hjoertursdottir - declarou a policial, ainda de pé na soleira da porta.

E para o parceiro:

- Veja a sujeira que está fazendo na casa dos outros!

O policial a olhou intrigado. Depois, baixou a cabeça e encarou os próprios pés.

- Oh, perdão... como sou desastrado, dama Hjoertursdottir!

- Não tem problema! - Replicou Emma Hjoertursdottir. Era melhor ter que limpar o piso, pensou, do que encarar aquela tempestade sozinha, depois da visão da filha morta sentada no muro lá fora. E, recordando o acontecido:

- Vocês... viram alguma coisa?

Os policiais entreolharam-se. O homem tomou a iniciativa, novamente.

- Pensamos ter visto alguém no muro, mas afastou-se pela encosta quando a chuva apertou. Seria arriscado seguirmos por ali nessa tempestade...

- Então, eu não estava louca. Havia mesmo algo lá fora! - Exclamou Emma Hjoertursdottir.

Num gesto inesperado, a policial entrou, ignorando seus próprios sapatos enlameados, e acariciou o rosto de Emma Hjoertursdottir com a mão molhada.

- A senhora deve estar sofrendo muito estresse pela perda de sua filha, dama Hjoertursdottir.

E dando-se conta do próprio gesto, juntou as mãos, arrependida.

- Perdão! Acabei de lhe molhar...

- Não tem problema... - repetiu Emma Hjoertursdottir, sentindo-se momentaneamente aturdida.

E indicando as cadeiras da sala:

- Por favor, sentem-se. Eu vou fazer um café!

- Teria chá? - Indagou o policial.

- Para mim, café com creme está ótimo - concedeu a policial.

* * *

[Enquanto isso,em outra parte da ilha Heimaey...]

O inspetor Ormar Halldorsson parou o Toyota Land Cruiser J12 na entrada do cemitério e olhou para o mar agitado pelo vento, sobre o qual acumulavam-se nuvens negras de tempestade.

- Venha passar o verão nas Vestmannaeyjar - resmungou de si para si.

- Este lugar parece que atrai mau tempo - retrucou ao seu lado o seu assistente, Dyri Steinkellsson.

- Há algo aqui que atrai mau tempo - comentou do banco de trás Salóme Sigtryggsdóttir, a inesperada visitante que chegara à ilha parecendo saber mais sobre os estranhos acontecimentos dos últimos dias do que a própria polícia.

- Eu sugiro que vejamos logo o que há para ser visto antes que a chuva desabe - sugeriu Halldorsson, abrindo a porta do carro.

Os três seguiram por entre as lápides enegrecidas e cobertas de musgo de túmulos centenários, até chegarem à parte mais nova da necrópole, localizada na parte traseira. Ali encontraram à espera o coveiro, apoiado numa pá, um rapaz louro chamado Kristvin Jörundsson.

- Imaginei que fossem da perícia, já que pediram uma exumação - disse ao vê-los chegar.

- Somos da polícia, e é o que basta para Heimaey - atalhou Halldorsson.

- Peço que coloquem estas máscaras, pelo menos - sugeriu Jörundsson, distribuindo máscaras com elástico descartáveis.

Com todos devidamente protegidos, o coveiro começou a abrir a cova de Margit Hrimnirsdottir, atirando pazadas de terra para o lado. Finalmente, quando o céu começava a ficar negro sobre eles, ouviu-se um ruído de metal contra madeira.

- Querem que abra? - Indagou Jörundsson, sobrolhos erguidos.

- Foi para isso que viemos - retrucou Halldorsson, franzindo a testa.

Jörundsson inclinou-se sobre o caixão e abriu a tampa. O rosto parcialmente coberto pela máscara não ocultou sua confusão ao voltar-se para eles.

- Vejam! - Exclamou.

Os três inclinaram-se sobre a cova aberta.

Dentro do caixão havia apenas água, onde boiavam pedaços do cetim do forro.

- O que quer dizer isso? - Indagou Halldorsson voltando-se para Salóme Sigtryggsdóttir.

- Não posso dizer que estou surpresa - retrucou ela, puxando do bolso um tubo de plástico com tampa rosqueável. Encheu o recipiente com um pouco da água que enchera o caixão e virou-se para Steinkellsson:

- Seria bom mandar examinar o conteúdo em Reykjavík.

O assistente voltou-se para o chefe, que apenas balançou a cabeça em concordância. Steinkellsson retirou um saco plástico para provas do bolso e guardou nele o tubo com água, enfiando tudo de volta no capote.

- Acredita que alguém possa ter vindo aqui antes de nós e removido o corpo? - Indagou o inspetor para Jörundsson.

- Seria trabalhoso, mas não impossível - admitiu o coveiro. - Afinal, fizeram isso nas outras covas.

- Está bem - disse Halldorsson, removendo a máscara. - Pode fechar, estamos indo embora.

No meio do caminho, tiveram que correr para o carro, pois a chuva começou a cair pesada.

- Nada como o verão nas Vestmannaeyjar - filosofou Salóme Sigtryggsdóttir, ao aboletar-se no banco traseiro do Toyota.

[Continua em "Draumstafir"]

- [20-01-2019]