Leopolda
O Relógio apontava 2:35 da manhã. E De repente, um grito. Vinha dos fundos do quintal de dona Joana, tão estranho que a fez levantar apavorada com seus bobes caindo de seu cabelo e sua camisola azul de bolinhas amarelas.
Passo a passo a senhora de sessenta anos caminhou do quarto para corredor, do corredor à cozinha e da cozinha à varanda de trás da casa. Munida de uma vassoura, como arma, caminhou lentamente para ver quem estava fazendo aquele barulho infernal que a fez acordar em sobressaltos.
A luz que vinha do quintal era insignificante, não dava para ver o quintal totalmente, apenas uma parte deste, a qual estava o balanço que dona Joana mandou fazer para quando os netos viessem visitá-la.
De repente mais um grito, só que desta vez fraco, quase morrendo.
Dona Joana sentiu os cabelos de seu braço esquerdo arrepiar-se. Suas pernas começaram a tremer.
_ Bela hora para o seu Pedro viajar! - Pensou ela ao lembrar-se do marido.
Focou mais um pouco a vista e viu os galhos da aceroleira mexer levemente.
_Tem alguém ai? Perguntou dona Joana com a voz trêmula.
_ Eu vou chamar a policia, fique sabendo, - ameaçou.
A voz respondeu: Miauuuu...,e outros sons estranhos.
_ É você, Leopolda? É você?.
E eis que surgiu de trás da aceroleira, na escuridão da noite, uma gata felpuda branca e marro, de olhos coloridos, um azul e outro castanho, era Leopolda, a gata de dona Joana. Vinha se esfregando por entre as plantas com jeito de quem estava "aprontando".
_ Leopolda, sua sem vergonha!- brigou dona Joana - você ainda vai me matar de susto, ouviu!. Para quê tanto barulho para namorar com o Tadeu? - Tadeu era um gato preto enorme que pertencia ao vizinho, que adorava andar atrás de Leopolda quando esta estava no cio. Era uma briga infernal, gritos e miados que mais pareciam voz de pessoas gritando em perigo.
Leopolda entrou em casa toda desconfiada lambendo as pernas de dona Joana.
_Essa gata ainda me mata!- desabafou dona Joana deixando a vassoura atrás da porta e voltando para o seu quarto.