O Crime da Família Wattson - Prólogo
Prólogo
Em algum lugar da Escócia, 03h15
Julie Wattson caminhava pelos corredores escuros da antiga mansão dos Wattson. Suas pernas estavam cansadas e seu rosto exibia seu cansaço. Nunca se acostumara com a imensidão de sua casa, mas claro, o que era alguns muitos metros quadrados a percorrer, comparado ao luxo e grandeza da família Wattson ou como seu avô mesmo dizia "A honra simbólica da família e tudo pelo que nossos ancestrais conquistaram". Que importava a luta de seus ancestrais.
A família Wattson era uma das mais prestigiadas e ricas famílias da Inglaterra. Sua história remetia ao século XVIII quando começou a fazer fortuna e em pouco tempo tornara-se a mais famosa família de Londres. Não havia uma só pessoa, talvez em toda a Escócia que não tivesse conhecimento do nome "Wattson".
Uma família ortodoxa e bastante tradicional. De costumes eruditos, formais e educados. Grandes apreciadores das belas artes e grandes conhecedores dos mais variados tipos de conhecimentos. Esbanjavam luxo e elegância e sua presença era constante nos eventos mais milhonários do país.
A imensa mansão da família, ficava localizada na parte mais distante possível da civilização escocesa, no interior da pequena cidade de Riverside. Apesar do status, os Wattson eram pessoas muito reservadas e nos últimos 10 anos, tornaram-se cada vez mais reclusos, isolados. Fugindo daquilo que eles chamavam de "sociedade decadente". De fato, a família, apesar dos bons costumes, sempre nutrira um certo desprezo pelo resto das pessoas, num julgamente de superioridade em relação à sociedade e sempre que podiam, evitavam o máximo de contato possível com o resto do mundo.
A casa era antiga, porém conservada e bela. Sua arquitetura possuía um estilo semelhante a um castelo medieval. Feita de pedra nobre, genuínamente escocesa, a mansão esbanjava beleza e proporcionava um ar de elegância e riqueza. Por dentro, não era diferente. Ornamentada com belas pinturas, móveis de madeira nobre, caros luxuosos. Todos muito bem dispostos ao longos dos 36 cômodos, no entanto, havia uma convidade em especial e pouco entrava na mansão: a luz do sol. A maior parte da iluminação da casa, era artificial e em alguns pontos, dave-se apenas por meio de velas, o que conferia ao imóvel, um ambiente um pouco sórdido e sombrio, talvez até melancólico. Algo bem ao gosto dos reclusos Wattson.
Já passavam das onze da noite, quando a jovem de vinte e um anos, Julie Wattson caminhava em meio aos escuros corredores. Havia saído escondida por volta das oito horas da noite para resolver "algo" e agora voltava na esperança de que ninguém a pegasse. Então fez uso dos diversos tipo de passagens secretas presentes da mansão. E de fato, na maior parte do tempo, foi bem sucedida em sua empreitada, mas em um determinado momento, ela foi vista. Vista por alguém que de dispos a segui-la sorrateiramente como um gato prestes a agarrar a sua presa. Ela no entanto, ainda não havia percebido que estava sendo seguida e vista de perto, mas com certeza, não iria gostar de saber.
Suas pernas agora doíam mais e sua visão começou a ficar turva. Precisava urgentemente de uma boa e longa dose de sono. Quase pensou em deitar no chão com carpete do corredor, mas não podia correr riscos de falhar em sua missão.
"Só mais um pouco, estou quase chegando lá"
Quando estava quase perdendo sua luta contra o sono, ouviu um barulho estranho o que a fez despertar. Não conseguira distinguir a origem do barulho, mas era algo semelhante a alguma coisa sendo derrubada por alguém que procurava alguma coisa. O som parou e após alguns segundos, soou novamente. Nesse instante, Julie parou onde estava, em um estado de alerta, pronta para uma possível fuga. Ela prefiriria achar que nada era, mas seu instinto lhe dizia que havia alguma coisa a temer naquele quase escuro dos corredores.
Agora, Julie já estava próxima do lugar que tornaria completa sua missão sigilosa. Visualizou a porta de seu quarto e caminhou despreocupada, confiante de que nada a entregaria agora. Quando então, ela voltou a ouvir o mesmo barulho novamente, agora mais alto do que antes. No entanto, ela ainda não conseguia distinguir de onde vinha o tal som misterioso e se concentrou em descobrir, mas sem esquecer de que deveria entrar no quarto o mais rápido possivel. Julie então sentiu um estranho calafrio e num súbito, olhou para trás. A imagem que viu a fez estremecer. O gigante corredor pela qual ela percorrera, exibia um grande abismo de escuridão. E de alguma forma ela sentiu, que havia alguma coisa ali, que sumira de repente quando ela olhara.
"Alguém está brincando comigo".
Ela sabia, que havia alguma coisa errada. A essa hora, geralmente todos deviam estar dormindo, mas parece que pelo menos alguém estava acordado e estava disposto a deixa-la com medo e até o momento, tinha feito sucesso. Julie, estava apavorada. Aquele corredor quase todo escuro, iluminado apenas por algumas velas de luz fraca, o ambiente noturno e silencioso já eram suficientes para deixa-la com temor, e como se não bastasse isso, alguém decidira levantar da cama em plena noite para aplicar-lhe um tremenda brincadeira de mal gosto.
Quando Julie achava que não podia ficar mais apavorada, a porta do seu quarto, poucos metros a sua frente, abriu vagarosamente como se um vento fraco a tivesse empurrado. Julie sentiu um frio percorrer-lhe a espinha, com nunca havia sentido antes. Ela então ficou em dúvida se deveria prosseguir ou não, mas dado o cenário e as condições, voltar talvez não fosse uma escolha sábia. Então, ela hesitante caminhou a passos lentos na direção do quarto com a porta aberta, que exibia uma imagem semelhante ao do corredor atrás de si. Em alguns poucos segundos, ela tomou coragem e entrou no quarto. Seu primeiro pensamento, foi acender a luz, para desmascarar por vez o responsável pela brincadeira de mal gosto, mas quando fez, a luz não acendeu. Ela então deduziu que havia faltado luz. Algo deverás inconveniente para o momento. A jovem então sentiu algo surgir bem atrás dela. Podia sentir bem de perto, a respiração do alguém desconhecido. Julie então se virou para ver quem era. Mesmo no escuro, talvez fosse possível distinguir quem era, mas quando o fez, ela teve uma surpresa.