O SUICIDA
Ocorrência de tentativa de suicídio. O suicida liga para o 190 e a atendente conversa com ele até a chegada da viatura ao local. Aos prantos, ele ameaça colocar fogo em si mesmo.
Cheguei à residência do suposto suicida. Toquei o interfone; ele atendeu e eu disse que era da polícia. Abriu-se a porta automática, entrei e ele ainda estava ao telefone com a atendente. Tomei o telefone da mão dele e disse à atendente:
_Olá, sou da polícia. Já estou no local para resolver o problema.
A casa do sujeito estava toda revirada; uma bagunça total. Ele segurava uma garrafa de álcool na mão esquerda. Tomei a garrafa da mão dele e disse:
_Sente-se! Vamos conversar.
_Por que você quer se matar?
_”Porque a vida não tem mais sentido pra mim. Não vejo mais graça em viver.”
_Existe algum motivo que o fez tomar essa atitude dramática?
_”Sei lá, minha vida tá toda bagunçada”
_Sua vida tá igual a bagunça da sua casa.
Os suicidas tem uma expressão facial deprimente. Não olham nos olhos da gente e sempre falam olhando para o chão. Estava ali para resolver o problemas dele, logo, era o que iria fazer. Levantei-me da cadeira, saquei minha PT. 40 Imbel e apontei para a testa dele e disse:
_Já que você quer morrer, então posso estourar sua cabeça?
_”Que isso! Não! Eu quero viver! Eu quero viver!” disse ele com os olhos arregalados para mim.
Entendi o problema. Guardei minha PT no coldre. Perguntei a ele se tinha mãe, caso tivesse, que me passasse o número do telefone dela. Liguei para a Senhora Maria, disse a ela que seu filho estava tentando se matar e blá blá blá. Ela chegou rápido. Abraçou o filho e aos prantos o suicida exclama para a mãe:
_Mãe, eu quero viver! Eu quero viver!
Nada melhor que a mãe e uma pistola apontada para a cabeça de um sujeito para que se aprenda o valor da vida.