O assalto

Mary tinha acabado de se mudar, juntamente com sua filha, Jennifer de 15 anos. Tinha se divorciado do marido.

-O que você achou da casa? – perguntou a mãe.

-É a milésima vez que você pergunta isso. – disse Jennifer rindo – Já disse que achei ótima.

-Isso é bom. Agora me ajude a arrumar o escritório. Temos um monte de coisa para desempacotar.

Passaram horas arrumando as coisas. Quando se deram conta, já era 19h.

-Nossa, como passou rápido. Preciso aprontar o jantar.

Mary foi para a cozinha. Quinze minutos depois, Jennifer apareceu.

-Mãe, eu convidei o Jerry para jantar.

-Jerry? Aquele garoto da escola?

-Esse mesmo.

-Olha minha filha, eu sei que você está gostando dele, mas ele não é para você. A única coisa que ele quer é contar pontos da sua agenda de ficantes.

-Mãe! Para com isso! Ele não é assim como você pensa. Não é mesmo. Você vai ver.

Uma hora depois o garoto chegou. Era moreno, sua altura era mediana, e estava vestindo um Jens e uma camiseta preta de manga curta.

Para o jantar não ficar tão silencioso e monótono, a mãe resolveu fazer perguntas básicas.

-Jerry, em que ano você está mesmo?

-No segundo.

-Humm.. E suas notas? São boas?

-Mãe! – interrompeu a filha.

-O que? Só estou conversando com ele.

Mary estava sentada na ponta, enquanto Jerry e Jennifer no lado. O jantar era strognoff de frango com arroz.

Do lado de fora da casa.

-Tem certeza que é nessa casa?- falou o homem de cabelos compridos.

-Claro, o dinheiro deve estar em algum lugar. – falou o homem de olhos azuis.

O terceiro homem nem se pronunciava.

-Como vamos entrar?

-Pela porta, ué!

-Mas e se eles estiverem na sala?

-Por isso temos as armas. – o de olhos azuis, sacou sua arma.

Os três saíram da van.

Dentro da casa.

-Bom, vocês querem mais sobremesa? – perguntou a mãe se levantando.

-Não, não queremos – respondeu a filha.

-Quero ouvir da boca do Jerry!

-Não, dona Mary, obrigado!

-Bom, - Jennifer se levantou – vamos lá para cima, Jerry?

-Opa! – Mary se virou – Lá para cima, fazer o que?

-Mãe! O Jerry trouxe um filme para nós vermos.

-Esta bem. Podem ir.

Jerry e Jennifer estavam saindo da cozinha, quando a garota soltou um berro. Mary se virou para ver o que era. Um homem encapuzado tinha entrado no aposento. Estava apontando uma arma para os três. Jerry levantou as mãos.

-O que você quer? – Mary perguntou, apavorada.

-Cadê o dinheiro?

-Que dinheiro?

-Não se faça de burra. CADE A GRANA?

-Na minha carteira....

-NÃO SE FAÇA DE SONSA! – ele deu um tiro pro alto, abrindo um buraco no teto.

Tinha uma abertura do lado da cozinha, que também levava para a sala. Jennifer correu.

-FILHA!

Ela chegou à sala, mas foi agarrada por outro homem.

-ME SOLTA!

Na cozinha o homem falou.

-Temos mais gente aqui. Agora me diga onde está o dinheiro.

-Eu já disse que eu não sei do que você esta falando.

O de olhos azuis deu um tiro na perna de Jerry.

-AHH!!

Na sala, Jennifer gritou o nome dele.

-Vai me responder ou não?

-Está no sótão.

O de olhos azuis se virou para a sala; isso fez com que Mary pegasse uma faca que estava na pia e escondesse nas costas.

-OUVIU, GENTE? ESTÁ NO SOTÃO! MÃOS A OBRA!

O de cabelos compridos empurrou Jennifer e em seguida deu um soco em sua boca. Ela caiu no chão.

-Fica bem quietinha.

Em seguida, apareceu o de olhos azuis, que continuava apontando a arma para Mary e Jerry; que mancava.

-Quem vai cuidar desses três?

Olhou para o terceiro homem, que continuava calado.

-Você! Cuide deles.

Quando os dois saíram, Mary se agachou no chão para ajudar a filha.

-Minha filha, como você esta?

A garota estava sangrando na boca.

-Jerry! – Jennifer se arrastou até ele. - Sente no chão. Vou estancar esse sangramento.

Mary olhou para o assaltante; que apontava uma arma.

-Por que vocês estão fazendo isso? – ela chorava – Que dinheiro vocês estão falando?

Um celular começou a tocar. Era o do homem; que atendeu.

-Alô!

-Onde você está? Estou preocupada?

-Estou fazendo um trabalho. Daqui a pouco vou para casa. – o homem se virou – E nossa filha como está?

-Está bem. Quer dizer, a medida do possível...

Mary se levantou. Era a oportunidade de dar uma facada nele. Tirou o objeto da cintura.

-Ela precisa de remédios.

-Eu sei, meu amor. Com o dinheiro que irei ganhar, vou comprar os remédios dela.

Mary estava a 4cm dele.

-Ela vai ficar bem. – o homem começou a chorar. – Não se preocupe. Eu vou arranjar um bom médico.

Mary não tinha coragem. Ela percebeu que o homem não era mau, que nem os outros.

-Te amo. Tchau.

Mary botou a faca na cintura e se distanciou dele. Viu que tinha lagrimas em seus olhos. Em seguida ouviu os outros dois voltando. O de olhos azuis estava com raiva. Segurou a mulher pelo braço.

-NÃO TEM SOTÃO NESSA CASA. VOCÊ MENTIU!

A prensou contra a parede.

-CADE A PORRA DO DINHEIRO?

-Eu não sei. – ele choramingou.

O de olhos azuis fez algum sinal para o de cabelos compridos; que pegou Jennifer pelos cabelos.

-AHH!

-Se você não disser onde está o dinheiro, a sua filha vai sofrer as consequências.

-Eu já disse que eu não sei.

O de olhos azuis fez mais um sinal para o de cabelos compridos; que sacou um canivete. Atirou Jennifer no chão e montou nela. Em seguida começou a cortar sua barriga.

-AHHH! PARA!

-NÃO FAZ ISSO COM ELA! – Mary gritava.

-CADE A PORRA DO...

-EU NÃO SEI!

O de cabelos compridos continuava a cortar a barriga de Jennifer; que berrava. O homem alto começou a gritar para parar, mas não escutavam. Ele deu um tiro para o alto.

-PAREM COM ISSO! Será que vocês não perceberam que ela é nova nessa casa? Que a recém se mudou para cá? Será que não viram as caixas de mudança quando entraram?

O de olhos azuis soltou Mary; que foi direto para a filha. Tinha um corte horizontal em sua barriga.

-Você tem razão, Pablo. – ele fez carinho na cara do companheiro – Foi bom você ter vindo.

O de cabelos compridos falou:

-E agora? Onde será que está o dinheiro?

-Não sei de mais nada – falou o de olhos azuis – Agora não tenho nem idéia.

Enquanto eles conversavam, as três vitimas estavam sentados no chão.

-Vai ficar tudo bem – dizia Mary – Não se preocupem.

-Pera ai! O antigo dono não tinha uma adega na casa. Afinal, ele adorava vinhos.

-Tinha. – disse o de cabelos compridos.

-Então deve estar lá. – o de olhos azuis se virou para Mary – Onde fica a adega?

-No outro lado do pátio.

-Vamos – disse para o de cabelos compridos.

Minutos se passaram, quando Mary perguntou ao assaltante:

-Quem da sua família esta doente?

Ele ergueu os olhos.

-Como?

-Eu ouvi você no telefone. Dizendo que ia ver um médico. Para quem era?

Ele ficou alguns segundos calado, antes de responder.

-Minha filha precisa de um transplante. De rim.

-Por isso que você se juntou a eles? Para poder pegar uma parte do dinheiro.

-Isso. Ele é um conhecido meu, já sabia que ele praticava assaltos. Resolvi participar desse por causa da minha filha – ele começou a chorar – Só por isso. Me desculpem.

Os olhos de Mary começaram a lacrimejar.

-Mary! –Jerry tocou em seu braço – A Jennifer não responde.

Mary foi até a filha; que estava murmurando coisas sem sentido. Uma poça de sangue tinha se formado no chão.

-Filha, calma. O resgate já vai chegar. – olhou para Pablo. – Chame uma ambulância, por favor! Minha filha ta morrendo.

-Eu... – lagrimas caiam de seus olhos.

-Eu irei te ajudar no tratamento de sua filha. Mas por favor, chame uma ambulância.

Pablo tirou o celular do bolso. Hesitava em ligar.

-CHAME! Eu irei te ajudar. Eu prometo.

Pablo discou o numero do resgate.

-Emergência, em que posso ajudar?

Pablo não sabia o que falar.

-Emergência, quem fala?

Ouviram vozes, vindo dos fundos. Pablo desligou. Estava tremendo. Os outros dois chegaram, com uma maleta de couro.

-Adivinha só, Pablo! Ele tinha escondido dentro daqueles barris de vinho. Tivemos que quebrar quase todos.

Largou a maleta de couro no chão.

-Pronto. Podemos dar o fora daqui.

Ricardo tinha chegado em casa. Tomou um banho e foi continuar seu trabalho no computador. Pela janela viu uma van preta. Se lembrou que seu amigo Matt, um policial, tinha dito que estava procurando uma van roubada com a placa IJK-3456. Por impulso, Ricardo se debruçou na janela para ver o numero. ERA A VAN ROUBADA! Sem hesitar chamou a policia.

-E dai que ela está morrendo? Vamos dar o fora daqui.

-Precisamos chamar o resgate.

-DEIXA QUE ELES CHAMEM O RESGATE!

O de olhos azuis viu que o comparsa estava chorando.

-DEIXA DE SER MULHERZINHA.

-VOCÊ DISSE QUE NÃO IRIA TER FERIDOS!

-MAS TEVE! ACONTECEU! AGORA, VAMOS EMBORA!

-Eu disse para você não trazer ele. – disse o de cabelos compridos. - Mas nãooo...

-CALA BOCA, JUNIOR! VAMOS DAR O FORA DAQUI

-Eu preciso da minha parte. – disse Pablo. – Minha mulher me ligou e disse que a nossa filha está no hospital. Por favor, eu preciso agora.

O de olhos azuis fitou Pablo.

-Agora não! Depois.

-Mas..

-Cala a boca!

-EU PRECISO!

-Cara, será que você não escutou o que ele falou? Agora não.

Pablo sacou a arma.

-Por favor, eu preciso agora. Não me obriguem a fazer isso.

-Fazer o quê? Atirar? Você não tem coragem.

Pablo apenas apontava a arma.

-VAMOS! ATIRE!

-PAREM DE BRIGAR E CAIAM O FORA DA MINHA CASA! – gritou Mary.

O de olhos azuis pegou a maleta.

-Vamos embora!

-Foi bom conhecer vocês – disse o de cabelo comprido.

Quando os três chegaram à porta, apareceram três carros de policia. Imediatamente voltaram para dentro.

-DROGRA! QUEM CHAMOU A POLICIA? – gritou o de olhos azuis.

-PELOS FUNDOS, RAPIDO!

Os três correram para o quintal; sem antes o de olhos azuis pegar Mary como refém.

-ME SOLTA! EU QUERO FICAR COM A MINHA FILHA!

-Você vem como garantia.

Quando os policias arrombaram a porta, encontraram apenas Jennifer e Jerry; que estava chorando encolhido no chão.

-Revistem a casa!

No quintal, o de cabelos compridos jogou a sacola para o outro lado do muro, onde tinha um terreno baldio. Depois escalou uma churrasqueira que tinha ali e se debruçou sobre o muro, pulando para o outro lado. Depois foi a vez de Pablo. Faltava apenas o de olhos azuis.

-Rápido, escale!

-PARADO AI!

Os policias chegaram ao quintal. “Olhos azuis” pegou Mary e tirou a arma da cintura.

-EU MATO ELA, SE DEREM MAIS UM PASSO!

Mary tirou a faca da cintura e a fincou bem no peito do homem.

-AHH!

Em seguida vários policias vieram. “Cabelos compridos” e Pablo, já estavam longe.

-Por que será que ele não vem?

-Eles o pegaram - disse Pablo

-Preciso fugir o mais rápido possível.

-Precisamos. – corrigiu Pablo.

“Cabelos compridos” olhou para o comparsa.

-Tj era seu amigo. Mas eu não sou. – tirou a arma da cintura – Adeus.

A bala atravessou o estômago de Pablo; que cambaleou e caiu na terra. Tonto, conseguiu sacar a arma, mas não atirou. Desmaiou.

Mary está no hospital.

-Minha filha vai ficar bem? – perguntou ao médico.

-Não se preocupe. Ela está bem. Na hora ela perdeu muito sangue, mas agora já esta bem.

-E Jerry?

-Esta em choque, mas está bem.

Duas horas depois, descobriu que Pablo estava internado.

-O que houve?

-Ele levou um tiro. Mas não é grave.

-Posso vê-lo?

-Pode.

Mary entrou no quarto de Pablo. Sua barriga estava enfaixada.

-Como você está? O que aconteceu?

-Junior atirou em mim. Ele fugiu com o todo o dinheiro.

-Não se preocupe. Eu vou ajudar sua filha. Eu prometi a você.

-Obrigado. – ele começou a chorar - irei para a prisão sem precisar me preocupar.

No outro dia, Mary deu seu depoimento para o delegado.

-...então a senhora disse que ele estava querendo roubar um dinheiro, que pertencia a Rico, o antigo morador?

-Exatamente.

Ele riu.

-Que gente idiota.

-Por quê?

-Eu conhecia Rico. Ele tinha raiva da violência e dos assaltos...

-Mas todo mundo tem.

-Eu sei. Mas acontece que ele quis pregar uma peça neles.

-Como assim?

-Inventou um boato de que tinha uma dinheirama escondida na casa.

-Mas tinha! Eu vi a maleta.

Ele riu ainda mais.

-Aquilo não era dinheiro.

Mary teve que rir.

-Então o que era?

Junior, o de cabelos compridos, chegou em seu quarto de hotel que ficava em cima de um cabaré. Estava rindo consigo mesmo.

-Paris, Estados unidos, Grécia, ai vou eu.

Atirou a sacola na cama, e em seguida sentou na mesma.

-Agora vamos dar uma olhada nessa “belezura”

Abriu a mala. O que aconteceu em seguida foi uma explosão enorme.

Bauer
Enviado por Bauer em 13/12/2010
Reeditado em 14/12/2010
Código do texto: T2670012
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