Churrasco de pai!
Churrasco de pai!
Luis Canhedo, veio para o Brasil como turista. Deixou seus familiares na Bolívia. E gostou tanto do Brasil que resolveu ficar. Encontrou uns amigos bolivianos que o incentivaram a permanecer por aqui. Luis já era casado. Tinha cerca de 30 anos. Sua esposa Milla, tinha um menino de três anos: Fernando.
Luis era muito trabalhador e não demorou para encontrar trabalho numa loja em São Paulo. Resolve então buscar a família. Os amigos da Mooca logo lhe alugaram um apartamento próximo da loja que trabalhava, cujos donos eram os bolivianos. Esses bolivianos eram donos da loja também.
Luís vende suas propriedades na Bolívia e começa a ganhar dinheiro no Brasil. Em 10 anos já poderia se considerar uma pessoa rica. Sua mulher teve mais dois filhos. Renan e Sílvia.
Luís andava muito ocupado, agora dono da loja onde começou. Seu primeiro filho havia voltado para a Bolívia e estava prestes a se formar em Medicina. Tinha muitos amigos. E sempre trazia os amigos para a sua casa.
Os negócios de Luís cresciam. Não demorou para que a Justiça Federal visse aquilo com outros olhos. Ele tentou driblar o Imposto de Renda. Os seus amigos bolivianos o colocaram na prisão pelo tráfico de cocaína. Ele sai da cadeia, por falta de provas. Luís ficou quebrado de uma hora para outra. Começa a gastar tudo com advogados e passa suas noites bebendo nos bares de São Paulo.
Fernando agora é médico, mas não pensa em trabalho. Arrumou uma namorada também médica, viciada em coca. A vida de Fernando e sua namorada é passar a noite nas ruas de São Paulo.
Numa fria noite da capital paulista, a turma de Fernando está bebendo numa pracinha próxima do metrô da Sé.
- Veja gente, aqueles mendigos, vamos brincar com eles! – grita Fernando para sua patota.
Fernando resolve tocar fogo num barraco improvisado pelos pobres mendigos.
- Joguem mais tequila!
- Iiiiiuuuuuuuuuu, fogo! – todos gritavam numa algazarra total. Não havia um policial no local. Aquela festa demorou meia hora. Eram duas horas da manhã.
E um mendigo quase morrendo com as roupas pegando fogo tenta falar que existia mais uma pessoa dentro do barraco.
- O boliviano está lá dentro, parem pelo amor de Deus! – pedem os mendigos. Fernando pergunta:
-O quê? Boliviano? - E vai correndo tentar salvar aquela vida. Mas entra em desepero ao ver que o mendigo era o seu pai.
Mas o fogo já estava devorando tudo rapidamente e só se via fumaça e o cheiro de carne humana queimada. Quando puxaram o boliviano pela perna, viram que era o pai de Fernando.
Ali naquele lugar foi colocado uma cruz, e um recado para a brutalidade humana. Nunca mais se ouviu falar dessa família.
Theo Padilha
Joaquim Távora, 24 de maio de 2009.