ESTRANHA VIAGEM-

Não podia e por mais que tentasse, não conseguia entender o que estava acontecendo naquele momento, pois tudo era uma confusão generalizada. A ordem era o caos.

De maneira geral, eu participava de tudo aquilo e, no entanto, não conseguia definir os rumos e destinos que eu deveria ir e o local onde deveria chegar, qualquer que fosse o meu destino.

O momento exigia desprendimento e o total desapego com as coisas comuns, do dia a dia e mesmo assim nada tinha lógica; Somente a desordem se manifestava no momento.

A ordem instituída havia deixado de ser parâmetro. Somente se viam pessoas seguindo para qualquer lugar e sem destino algum. Elas nem mesmo sabiam quem eram e porque ali estavam ou porque assim agiam.

No dia anterior tudo havia transcorrido de forma normal. Agora, no entanto, quando procurava andar por ruas e avenidas, via o caos instalado e ninguém estava consciente com capacidade de dizer o que estava ocorrendo.

Minha capacidade de reflexão dizia que ali havia se instalado a completa anarquia. O povo se comportava como se fossem animais, sem vontade e determinação.

A minha participação dentro daquele contexto tão caótico se limitava a observar e ver as formas confusas sem capacidade de refletir, que perambulavam de um lado para outro. Pareciam vítimas de uma hipnose coletiva, sob um comando que mingúem via. Porém eu sabia que algo havia acontecido em virtude de tudo daquilo que observava.

O ambiente encontrava-se meio escuro e tudo parecia ter parado no tempo, os pássaros os animais e até as folhas não caíam; o único movimento era das pessoas, ou das formas que pareciam ser humanas, mas que, no entanto, pareciam ter perdido o espírito.

Imaginando estar sonhando, pensei em acordar do pesadelo, tentando assim evitar as apreensões de uma pessoa normal, que se preocupava com o insólito que via.

Nada, porém, denunciava que eu poderia estar sonhando e tudo que naquele momento acontecia era real, dentro de um mundo irreal.

Andei por diversas ruas, tentando encontrar pessoas que pudessem estar normais, com quem eu pudesse me comunicar para elucidar os fatos. Mas tudo foi em vão.

Entrei num prédio, que outrora fora comercial, tentando conseguir algo para mitigar minha sede que aumentava a medida que eu perambulava pelas ruas a procura de alguém lúcido.

Nada conseguindo naquele lugar, segui em frente, rumo a uma praça que eu sabia existir por ali. Parei em frente a um antigo chafariz, e no pequeno lago formado por este, havia diversas pessoas sentadas dentro d’água acumulada em torno do mesmo. Porém não demonstravam nenhuma satisfação com o refrigério que a água lhes proporcionava no momento.

Aproximei-me do chafariz para tentar refrescar-me do calor causticante, embora estivesse o tempo nublado. Ao inclinar-me sobre as águas que escorriam da bica, notei que não conseguia ver minha imagem refletida na água.

Imaginando estar louco, mais uma vez tentei falar com os transeuntes e nada, ninguém me dava atenção. Saí daquele local imaginando-me louco, enquanto passava por minha cabeça diversos pensamentos.

Tentei imaginar o que poderia estar acontecendo naquele momento,enquanto seguia pelas ruas lotadas de pessoas que iam de um lado para outro. A minha mente analítica tentava encontrar razão e entender o que realmente acontecera para que tudo o que eu estava vendo.

Tudo parado, o sol continuava no mesmo lugar, mesmo escondido por detrás das nuvens, ele ainda estava lá.

Nada se movia, exceto as pessoas que pareciam sem espírito, pois andavam de forma confusa e sem rumo. Iam e vinham como se fossem robôs sem controle. Diante de tudo que via no momento e mesmo sem saber o que estava acontecendo, resolvi atuar no processo.

Tudo era uma verdadeira loucura e, para que eu não chegasse àquele estado de loucura, resolvi partir.

Embarquei em minha nave e novamente voltei ao local de origem, onde a realidade embora muito dura, nem sempre é um mundo onde o pesadelo se delineia como permanente.

E então acordei.

25/11/03-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 25/02/2008
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