Apoteose ígnea
Adiante, sempre adiante. Lá do alto se vê o vislumbre. Estava na metade da colina, duas horas subindo. Galhos secos por vezes cortaram seu braço e rasgaram sua calça. A luz intensificava cada vez que se aproximava. Agora já faltava pouco. Perto do pico sentiu uma energia nunca antes sentida. Não sabia reagir a ela. Tremia todo o corpo, espasmos dos pés à cabeça. Uma fria sudorese lhe atingia. Travou.
- E agora? - voz fraca e falha.
Sentiu um empurrão. O impulso lhe tirou daquela prisão de possibilidades. Aquele vento encorajou-o. Retomou a consciência e a ambição. Seguiu. Lá no alto a chama era tão forte que parecia estar lá dentro. Era o prelúdio. Despiu-se e fez o que devia.
No outro dia ressurgiu. O corpo evoluído, livre das cinzas, recomposto.
Enfim, divino.
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