O que presenciei na noite de 10 de fevereiro de 1993 deixou uma marca tão profunda em minha alma que nem mesmo o caso do Dr. Jacob Ramsay causaria tamanha impressão.
Criei diversas conjeturas na tentativa de entender o que então surgiu em minha mente. Conjeturas baseadas naquilo que sustenta a vida dentro do corpo. Meditei profundamente sobre isso e não consegui compreender a diferença entre um corpo que acaba de perder a vida e esse mesmo corpo, um milissegundo antes, ainda com vida. Nos dois casos, parece que temos exatamente a mesma coisa; não há diferença, mesmo que no segundo caso a vida não esteja mais presente. Toda a animação se extinguiu, e o corpo só apresentará diferença em relação ao primeiro caso após algum tempo, quando a decomposição tiver início. Ademais, o que mantinha essa vida dentro do corpo, já que sua saída parece ser algo tão sutil? Num momento, o corpo está vivo; no outro, sem vida. Aquilo que sustentava a vida no corpo deixou de operar por um instante.
Naquela noite, talvez eu tenha presenciado a resposta para essa questão. Talvez eu tenha visto aquilo que realmente sustenta a vida dentro do corpo!
Eu tinha vinte e cinco anos e morava em um humilde e pacífico bairro ladeado por muitas árvores. Naquela rua de terra, todos eram amigos e, não raro, promoviam festas ao anoitecer de certos finais de semana. Levi e Colton eram os amigos com quem me reunia nessas celebrações para brindar à nossa existência com álcool e cantar pelas ruas. Eram jovens como eu e, mesmo adoecidos, não deixavam as zombarias de lado.
A pessoa menos amistosa, porém, era Andrey. Embora participasse dessas festas na rua, não era do tipo que se comunicava muito com os outros. Era um sujeito reservado, que conversava pouco e com poucas pessoas. Devia ser um ou dois anos mais velho do que eu e morava sozinho em uma pequena casa. Nunca soube o que aconteceu com seus pais, pois pouco me sentia motivado a falar com ele devido ao seu comportamento reservado.
O que, a princípio, destruiu a harmonia daquele lugar foi o surgimento de um sujeito bêbado dirigindo um carro em alta velocidade numa noite em que Andrey meditava em seu jardim. A distância entre a rua e seu jardim era de vinte metros e não havia cercado. O carro desgovernado virou bruscamente sobre a calçada e atingiu Andrey pouco antes de desaparecer rua abaixo. Alguns vizinhos saíram de suas casas e atenderam o jovem rapidamente. Em poucos minutos, ele estava no hospital recebendo os devidos cuidados. O choque não foi forte o bastante para matá-lo, mas Andrey entrou e permaneceu em estado de coma por seis meses. Após esse período, quando finalmente despertou, recebeu alta e retornou à sua casa.
Entretanto, algo havia mudado em seu comportamento. Agora, ele não mais participava das festas e sequer falava com alguém. Não recebia pessoas em sua casa e raramente era visto fora dela. Além disso, coisas estranhas começaram a envolvê-lo em algumas noites. Numa delas, eu estava lendo Alexandre Dumas – para induzir o sono que me escapava – quando notei, através da janela do meu quarto, o rápido acender e apagar de uma luz azulada que despertou minha curiosidade. Ao olhar pela janela (da qual era possível ver a casa de Andrey), surpreendi-me ao notar uma espécie de vulto esbranquiçado pairando sobre seu telhado. Vi esse vulto no momento em que emitiu mais um flash, como o anterior, e em seguida desceu atravessando o telhado e desapareceu da minha vista.
Esse fenômeno despertou minha curiosidade, e decidi procurar os melhores momentos para espiar Andrey na tentativa de descobrir qualquer coisa. Contei o que havia visto a Colton e a Levi, mas não os convidei para espiar Andrey, pois havia deduzido que, se assim o fizesse, aumentaria a chance de sermos descobertos por ele.
Através de uma janela de vidro pude observá-lo, por algumas noites, antes que ele bloqueasse a visão com uma cortina vermelha. Não notei muito de anormal em seus modos exceto pela maneira excêntrica com a qual tratava de uma flor ou planta que havia no centro da sala. Refiro-me a uma planta peculiar que se projetava de um vaso circular de cerâmica. Possuía um único galho de sessenta centímetros de comprimento que terminava numa flor composta por uma esfera roxa de vinte e cinco centímetros de diâmetro. Dela brotavam, em todas as direções, filamentos cilíndricos e esbranquiçados que possuíam quase quarenta centímetros de comprimento.
Andrey adquirira o singular costume de se prostrar diante dessa flor e proclamar rezas em uma língua que não pude deduzir qual era. Notei que após alguns minutos do estupor gerado pelas estranhas palavras proferidas diante da flor, ela respondia com movimentos sutis chacoalhando aqueles filamentos cilíndricos. Somente quando percebia esses movimentos Andrey cessava sua prece e se retirava da sala.
A partir do dia em que cobri a janela com aquele manto vermelho, não pude mais vê-lo, mas o ouvi conversar por horas com uma voz abismal, cuja descrição é quase impossível de se fazer. Era uma voz rouca, gutural e profunda, modulada de tal forma que dava a impressão de serem mais de uma voz ao mesmo tempo. O som dessa voz dava, às vezes, a estranha impressão de ser emitido por uma caixa acústica com defeito. O idioma no qual conversavam parecia ser o mesmo que Andrey usava em sua prece à planta, pois eu não conseguia deduzir nada.
O que havia acontecido com aquele jovem? De onde viera aquela planta anômala? Qual a origem daquela voz infernal e sobre o que conversavam? Essas perguntas mal me deixavam repousar em paz nas noites subsequentes às que observei Andrey em sua casa.
Levi e Colton ficaram a par do que eu presenciara na casa do estranho jovem e, evidentemente, ficaram muito surpresos com o que contei. Um deles sugeriu irmos à casa de Andrey para tentarmos falar com ele a respeito dessas coisas, mas descartei a ideia, pois isso deixaria claro que alguém o espiava. O melhor seria não entrarmos em contato com Andrey, a menos que houvesse um bom motivo para isso.
Alguns dias depois, uma nova festa aconteceu naquela rua. Ao cair da noite, os convivas saíram de suas casas e alguns deles se reuniram para acender uma grande fogueira. Próxima a essa pira, improvisaram uma mesa sobre a qual foram armazenadas comidas e bebidas.
Juntei-me aos dois amigos e conversamos – enquanto bebíamos garrafas de Refosco – sobre o misterioso Andrey, que era, inclusive, o único morador que não se juntou à festa.
“Andei pensando”, disse Levi, “e acredito que ele saiu louco do coma e agora ouve vozes e adora uma planta.”
“Eu pensaria o mesmo se não tivesse visto aqueles flashes sobre sua casa”, falei.
“Isso é o mais intrigante”, comentou Colton. “Seria possível que ele estivesse envolvido em algum experimento elétrico?”
“Acho improvável”, respondi, “pois não vi nada em sua casa que pudesse ter gerado aquilo.”
“Segundo nosso amigo espião, ainda existe outro enigma”, disse Levi, lembrando-se de algum detalhe. “Trata-se da peculiaridade daquela planta.”
“Sim”, confirmei. “Aquela coisa se move ao seu bel prazer.”
“Dróseras e Dioneias também o fazem”, disse Colton.
“Mas não em resposta a uma prece”, concluí.
A conversa prosseguiu acompanhada pelo Refosco, que nos alterava lentamente, até que, por fim, alguém disse:
“Bem, eu vou até a casa de Andrey”, falou Colton. “Vou chamá-lo para a bebedeira após pedir que me mostre a tal planta.”
“Eu te acompanho”, disse Levi. “Afinal, ele é só um humano.”
Não tendo muita escolha, acompanhei-os. Faltavam alguns minutos para a meia-noite e ainda havia muita gente na rua bebendo, comendo e cantarolando.
Assim que chegamos à casa de Andrey, Colton precipitou-se até a porta e bateu diversas vezes, dizendo:
“Ei, está perdendo a festa. Saia para beber conosco.”
Levou um tempo para que Andrey abrisse a porta. Quando o fez, olhou-nos com aquela face esbranquiçada de quem não saía à luz do sol e disse:
“Agradeço pelo convite, mas não estou disposto a sair. Preciso continuar aqui dentro.”
Ao concluir essas palavras, Andrey começou a fechar a porta, mas, pouco antes de o fazer, Levi a segurou e disse:
“Não se isole ainda mais, camarada. Se não quer sair, então entraremos para conversar contigo.”
Em resposta a esse ousado gesto, Colton também levou as mãos à porta e ambos empurraram-na no sentido oposto ao do anfitrião. Dessa forma, acabaram por abri-la o suficiente para entrar, apesar de Andrey manifestar sua oposição o tempo inteiro. Dizer coisas como “só vamos conversar um pouco e já iremos embora”, os dois rapazes conseguiram finalmente entrar, e eu os segui.
Andrey estava visivelmente perturbado com aquilo. Parecia importante para ele que ninguém entrasse em sua casa, mas, mesmo assim, não tentou nos expulsar e logo disse:
“Tudo bem, o que vocês querem?”
Caminhando na direção da flor que repousava no centro da sala e admirado com sua estranheza, Colton perguntou:
“Gostaria que me dissesse onde posso conseguir uma flor igual a essa.”
Andrey mostrou-se ainda mais perturbado ao ver que nossa atenção estava voltada para aquela planta, pois Levi e eu seguíamos Colton. Sua expressão facial agora revelava um desejo febril de nos ver fora dali. Mesmo tendo percebido isso, deixei que meus amigos agissem como quisessem, sem tentar impedi-los, pois a curiosidade também havia se apossado de mim há algum tempo.
“Apenas não toque nela, por favor”, respondeu em alto tom. “Essa planta… Essa flor… Eu… Eu ganhei de alguém que me visitou no hospital.”
“Interessante”, disse, voltando-me para Andrey. “Ela possui alguma propriedade elétrica ou luminosa que possa ser percebida à noite sobre sua casa?”
Essa pergunta despertou uma espécie de pavor claramente perceptível em seu semblante. Agora ele entendia o motivo de nossa curiosidade: havíamos visto algo que não deveríamos ter visto.
“Vão embora! Não faço ideia do que estão falando. Não há nada de anormal em cultivar uma planta. Apenas voltem para sua festa e me deixem a sós. Sumam daqui!”
Notoriamente, o anfitrião proferiu essas palavras com tom de ira, e Colton, já bastante embriagado, sentiu-se ofendido com sua forma de falar. Como consequência, pegou o vaso de cerâmica, no qual se projetava a misteriosa planta, e, carregando-o com certo esforço, caminhou até a porta.
“Solte isso, seu imbecil!” berrava Andrey. “Quem vocês pensam que são, invadindo minha casa?”
Colton sequer se importava com suas palavras e estava prestes a sair pela porta com a planta em mãos quando Andrey avançou contra ele. Meu amigo teria levado um golpe no rosto não fosse a agilidade de Levi, que segurou o braço do anfitrião.
“Sua planta virá comigo”, disse Colton, “até que você se desculpe pela grosseria com a qual nos tratou.”
Levi, que era claramente mais forte do que Andrey, ainda o segurava para permitir a passagem de Colton para fora da casa. Andrey chacoalhava-se na tentativa de escapar e impedir aquilo, enquanto proferia impropérios contra nós três. Eu não sabia que atitude tomar, mas sentia certo prazer ao ver o que Colton fazia e, por isso, não me intrometi.
“Idiotas! Malditos!” gritava, contorcendo-se. “Não sabem o que estão fazendo. Devolvam-na antes que seja tarde!”
A cena que se seguiu compôs, em todo seu desenrolar, aquela marca estampada na alma que mencionei no começo da narrativa. O que aconteceu quando Colton perdeu o equilíbrio ao sair da casa de Andrey deu início a um acontecimento que nenhum mortal deveria presenciar. Deus sabe o quanto me arrependo de não ter impedido meus amigos enquanto estávamos na casa de Andrey. O arrependimento por ter deixado e consentido que Colton saísse da casa com aquela planta em mãos é algo que me perseguirá por toda a vida.
Colton perdeu o equilíbrio ao descer os três degraus da entrada da casa e caiu ao chão. O vaso rolou à sua frente, parando no meio da rua, onde as pessoas que participavam da festa agora observavam a cena. Na queda, a planta se quebrou ao meio e agora jazia estirada no chão. Andrey, que se libertara de Levi, correu desesperado para fora. Ao ver a planta quebrada, paralisou-se momentaneamente. Seus olhos se encheram de lágrimas e, ao recuperar-se do estupor, gritou como uma criança.
Subitamente, uma garota que até então observava pacificamente caiu pesadamente ao chão. Pessoas se reuniram ao redor dela enquanto a jovem se contorcia freneticamente, pedindo por algo que lhe fora arrancado. Seus olhos estavam totalmente brancos, a pele começava a se tornar azulada enquanto ela se debatia dolorosamente contra a terra. Sílabas desconexas eram emitidas por uma boca que babava um líquido esverdeado, e seu rosto apresentava uma expressão singular de pavor. Era como se algo mais essencial que o oxigênio estivesse sendo extinto. Em menos de um minuto, apesar das tentativas de reanimação de um dos presentes, a garota estava morta.
Todos os presentes estavam abalados com o que sucedera com aquela garota, mas não sabiam que esse abalo daria lugar ao completo desespero. Isso aconteceu logo em seguida, quando um homem de quarenta anos foi golpeado pelo mesmo mal que consumiu a jovem. Sua morte foi idêntica à dela. Em seguida, outra pessoa, desta vez uma mulher adulta, sofreu o mesmo destino.
O desespero das pessoas alcançou níveis extremos. Elas começaram a clamar misericórdia a Deus e a rezar ajoelhadas no chão, revelando seus pecados mais cruéis. Súplicas pueris de clemência eram rogadas por seres frágeis e lacrimosos. Mas nada mudou e a morte invisível continuou a silenciar as vidas presentes ali.
Meus amigos e eu havíamos perdido a capacidade de reagir. Contemplar, estupefatos, aquela cena lúgubre era a única coisa que conseguíamos fazer.
Avançando para o meio da rua, onde a planta permanecia quebrada, Andrey ajoelhou-se diante dela e entregou-se a uma fervorosa prece em alto tom. Era um cântico singular, emitido por uma voz gutural e soturna que não parecia ser a sua. Com o rosto e as mãos erguidos ao alto, o jovem cantava aquela melodia hipnótica e horripilante que me lembrava a “Masked Ball” de Jocelyn Pook.
Curiosamente, os olhos de Andrey perderam o brilho e percebi lágrimas de sangue escorrendo em seu rosto. Seus cabelos começaram a cair enquanto ele intensificava ainda mais seu cântico demoníaco. Notava-se que empregava um esforço hercúleo nessa tarefa.
Nesse momento, Colton foi atacado pelo caos que ceifava as vidas dos presentes naquela rua. Tentei acudi-lo, mas foi em vão: ele morreu dolorosamente diante de Levi e de mim. Ambos chorávamos como crianças indefesas, e toda a minha sutil esperança estava depositada naquele insueto e tonitruante cântico de Andrey.
Foi então que flashes emanados do céu negro projetaram uma esfera luminosa que desceu diante de Andrey. Tendo percebido a presença da esfera, apenas fechei os olhos, mas não cessei minha observação da melodia abismal.
A esfera possuía ao menos vinte metros de diâmetro e emitia uma luz esbranquiçada que não era intensa o bastante para ofuscar a visão.
Abismado com aquela cena, apenas contemplei sentado, pois minhas pernas já não suportavam o peso do meu corpo.
Logo notei que de dentro daquela esfera de luz projetaram-se dois braços compridos em direções opostas. Não eram formados por luz, pareciam palpáveis, mas eu não sabia de que eram compostos. Eram escuros, mas claramente visíveis devido ao brilho da esfera. Devem medir cerca de dez metros de comprimento cada e terminar em vinte ou mais dedos finos e moles. Logo abaixo dos braços brotava uma série de grossos e negros filamentos entrelaçados, formando uma grotesca pirâmide invertida. Julgo que qualquer superfície sua medisse ao menos quinze metros.
Quando a estranha criatura saiu completamente de dentro da esfera, podia-se notar que os longos braços projetavam-se das laterais opostas da parte superior da pirâmide. Não havia nada que lembrasse uma cabeça ou mesmo olhos. Não notei algo que parecesse com uma boca. Aquela coisa, seja lá o que fosse, era tão somente o que descrevi.
Pairando diante de Andrey, a criatura começou a mover os longos braços, como se regesse o cântico eufórico do jovem. Então, notei surgir, lentamente, um orifício no centro da pirâmide. Quando o orifício tinha meio metro de diâmetro, passou a expelir uma gosma rubra que escorria até a extremidade inferior da pirâmide. Gotejando sobre a terra, a gosma se esbranquiçava e produzia flores no ponto em que caía. Estaria eu diante de Deus? Seria essa sua verdadeira aparência?
Enquanto a estranha gosma da vida respingava, o ser piramidal movia-se no ar até posicionar-se sobre a misteriosa planta de Andrey. Uma gota da gosma rubra foi suficiente para que a planta fosse envolvida por um intenso brilho que a regenerou. Agora estava intacta diante de nós, como se nunca tivesse sofrido dano.
No mesmo instante em que a planta foi regenerada, o sujeito que estava sendo atacado pela calamidade que ceifara a vida de várias pessoas naquela rua recuperou-se imediatamente. Seu fôlego retornou abruptamente e seus olhos voltaram ao normal!
Andrey cessou seu cântico. A maioria dos sobreviventes (incluindo Levi) jazia desacordada. Eu lutava contra uma sonolência hipnótica, mas não tive êxito.
Quando acordei, era dia. Ao olhar ao redor, notei que o ser piramidal não estava mais presente. Levantei-me e vi que estava cercado por corpos. Ambulâncias chegavam para coletá-los.
Olhei para trás e notei que a casa de Andrey estava fechada. Deduzindo que ele estivesse em seu interior há muito tempo, percebi que ele havia desaparecido junto com sua enigmática planta.
Levi permanecia inconsciente no mesmo lugar. Querendo evitar um bombardeio de perguntas quando alguém nos encontrasse, tentei acordá-lo, mas surpreendi-me ao tocar em seu corpo rígido e frio. A despeito de tudo o que imaginara, Levi estava morto. Talvez não tenha suportado a cena da noite passada. Fiquei atônito por um momento, mas logo me recuperei e saí daquele lugar por um caminho entre as árvores que evitava meu encontro com qualquer pessoa viva.
Diversas questões martelavam minha mente, aturdida pelo que presenciara. Que experiência teria Andrey vivido enquanto estava em coma? Seria possível ir além do estágio de coma e ter contato com uma entidade que pudesse designar-lhe uma missão? Eu teria presenciado, numa planta bizarra, o segredo para a sustentação da vida no corpo?
Caminhei abalado como alguém que retorna de uma guerra. Chegando a uma estrada qualquer, peguei carona com um senhor que viajava sozinho e me alegrei ao notar que ele estava indo para bem longe. Queria levar comigo o mínimo possível do que possuía naquele lugar. O mínimo que consegui foi o que vestia no corpo sujo e a maldita lembrança da qual nunca me despirei.
Janeiro de 2013