Suaves aves, Maria
Que os bichos falavam, e até confabulavam eu que já sou bem antigo, tenho toda a certeza. Mas não peguei essa fase. Peguei a seguinte, que era quando eles ganharam nomes. E nisso, lá em casa, no quintal, bem entendido, quando meninos, demos nossa parcela de contribuição.
Assim, entre as galinhas, tivemos a Rabo-Torto, a Tupituda, e Urubatão, entre outras várias, e ovárias, por supuesto, com nomes que exaltavam suas qualidades mais aparentes. E não havia objeção, elas aceitavam os nomes com um tanto menos de ênfase com o que faziam com o milho, por exemplo, e jamais objetavam. Como tampouco se jactavam de seu batismo, pelo menos diante de nossos olhos ou ouvidos.
Mas era a milhação que as movia com maior pertinência e agilidade, sobretudo pelas manhãs. Uma sacudidela de milho no recipiente era o bastante para fazê-las saltarem do poleiro, apenas prenunciado o alvorecer.
Por sua singularidade, o galo continuou catecúmeno, assim como a maioria avassaladora dos pintainhos, mas não deixou de mostrar sua volúpia de cristão, em função tanto da crista encarnada que lhe ornava a cabeça quanto da regulação infalível para clamar o louvor do despertar, bem antes ainda de nossas horas de abluções e matinas.