A chama
A chama que nos aquece está morrendo, até a fogueira sente o frio. É a única forma de não sermos congelados e ela está indo. O que será de nós? Desde a fuga ela mantém-se, porém, nessas gélidas terras do nosso sul, parece não aguentar.
Já viu tanta coisa nesse trajeto, o percurso que fizemos, desde o extremo-norte dominado, cenário de fome e escravidão, até as terras remotas deste país, onde a barbárie ocorre de forma brutal; tanto sangue derramado. A frieza dos atrozes colonizadores não foi capaz de fazer a chama sumir, por mais que tenha contagiado nossos corações, então, foi ela quem os aqueceu, fazendo-os novamente pulsarem.
Nos caçam desde o momento conturbado que conseguimos escapar daquela esfera da morte. Todos lá são torturados, escravizados, humilhados; esperando a vida findar, da pior maneira possível, como era tradicional dos malditos. Não queriam que um único corpo saísse de lá sem ter tido o sangue derramado, a pele rasgada ou o corpo carbonizado. A maldade era lei, mas em nome de quem?
Ah, chama guerreira... Inflama esta madeira mais um pouco, é esses frios corpos que tu aqueces que serão responsáveis por um futuro de libertação.