A chama

A chama que nos aquece está morrendo, até a fogueira sente o frio. É a única forma de não sermos congelados e ela está indo. O que será de nós? Desde a fuga ela mantém-se, porém, nessas gélidas terras do nosso sul, parece não aguentar.

Já viu tanta coisa nesse trajeto, o percurso que fizemos, desde o extremo-norte dominado, cenário de fome e escravidão, até as terras remotas deste país, onde a barbárie ocorre de forma brutal; tanto sangue derramado. A frieza dos atrozes colonizadores não foi capaz de fazer a chama sumir, por mais que tenha contagiado nossos corações, então, foi ela quem os aqueceu, fazendo-os novamente pulsarem.

Nos caçam desde o momento conturbado que conseguimos escapar daquela esfera da morte. Todos lá são torturados, escravizados, humilhados; esperando a vida findar, da pior maneira possível, como era tradicional dos malditos. Não queriam que um único corpo saísse de lá sem ter tido o sangue derramado, a pele rasgada ou o corpo carbonizado. A maldade era lei, mas em nome de quem?

Ah, chama guerreira... Inflama esta madeira mais um pouco, é esses frios corpos que tu aqueces que serão responsáveis por um futuro de libertação.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 06/10/2020
Reeditado em 14/10/2020
Código do texto: T7081408
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