Ponte da Solidão
Carregava uma tristeza, vagando pelas ruas, deixando um rastro de melancolia por onde passava. Cabisbaixo, nada lhe tomava a atenção, nada lhe distraía, seguia sem olhar para nada, apenas lembrando do ocorrido.
Nem mesmo sua vizinha, uma senhora, a qual ele tinha muita afinidade, pôde alegrá-lo, ele simplesmente passou por ela e nada disse. Era como se tudo e todos a sua volta fossem invisíveis, apenas se importava com seus pensamentos de arrependimento.
À Ponte da Solidão ele foi, feita de pedras, antiga, construída por um arquiteto que perdeu a família num incêndio. Nas extremidades da mesma haviam esculturas de flores, cada uma representando a mãe e os filhos perdidos pelas chamas.
Ora, lacrimejando, aquele homem sofrido foi ao meio da ponte, observou o horizonte. O rio que passava por ali refletia a cor do entardecer, parecia a água tinha virado fogo. O mesmo fogo que ardia, naquele momento, a residência que um dia foi sua. Agora o fogo consumia toda a casa que morou por anos, levava consigo sua esposa e seus filhos...