PRAIA PARAÍSO (dedicado ao escritor Antonio de Albuquerque)


Praias desertas para curtir no Brasil


Que paisagem linda, silêncios de mar, brisa de vento, um céu azul inteiro só para você, durante um tempo é maravilhoso, peixe, coco, outros frutos do mar, ninguém, ninguém mesmo para conversar, debater com você, discordar das suas opiniões e principalmente lhe confrontar...aí a solidão mostra a sua cara e vem o desafio de se manter são.





Quando seu barco naufragou e depois de dez dias à deriva e se viu naquela ilha paradisíaca, foi temporariamente um alento. Já vira tantos filmes, então, buscou na mente o principal, fez fogueira pois tinha na mochila fósforos, também ainda tihha dois chocolates, três barras de cereais, duas garrafas d'água, um canivete suíço, um sinalizador e uma manta, vestia short, camiseta, boné e colete salva vidas, precisava se organizar. O tempo salgado no mar fez com que perdesse a noção de tempo, gastou muitos passos para contornar a pequena ilha, estava assustadoramente só. Precisava ser prático, pois não sabia quando seria localizado, ele mesmo nem tinha ideia onde estava.

Improvisou uma pequena cabana, com folhas de palmeira e coqueiro e alguns galhos secos. O barco estava destruído, só por Deus chegara até aquela praia deserta, pelo menos serviria para dormir dentro dele, acolchou-o com o colete salva vidas aberto, a manta resolveria para as noites mais frescas. Gostava muito de pescaria, acreditava que de fome não morreria, na ilha existiam vários coqueiros, água de coco era saudável, pelo menos sua dieta seria orgânica sem muita variação ou tempero exceto o sal do mar, dava pro gasto. Com galhos e folhas fez um grande SOS na pequena faixa de areia, achou melhor poupar o sinalizador para o caso de avistar alguma embarcação ou avião. Só estranhava que em três dias, nada além das folhas, ele mesmo e das ondas se movia. Para onde as correntes marítimas o levaram, ele não tinha a menor ideia. Saíra da costa da Tailândia para um passeio e o motor do barco simplesmente parou, as correntes marítimas o levaram rapidamente mar a dentro, só lembrava que o barco bateu em algumas pedras e ele desmaiou, quando despertou já não avistava mais nada além de água salgada e muitas avarias no casco do pequeno barco. Estar vivo já era um milagre.

No tronco de uma palmeira ele marcava a quantidade de dias já estava lá, já cantara todas as músicas que conhecia, tanto exercício tornara seu corpo forte, mas, conversar com os seus próprios pensamentos começou a acontecer depois de vinte dias de solidão, também sentia falta de água potável e por várias vezes sonhou com suculentos bifes, coisa de doido...ele nem gostava tanto assim de carne!

Antonio não tinha pais ou irmãos, era divorciado e sem fihos, não tinha relação de amizade com sua ex esposa, o casamento deles fora um erro desde o começo, nenhum dois dois perdeu nada com o fim, exceto tempo. Se alguém sentiria sua falta, talvez fossem os amigos pelo mundo, pois era um viajante, um antigo funcionário público que vendeu tudo o que tihha e ganhou as estradas secas e molhadas, sem preocupação de fincar raízes, era feliz assim. Mas, agora sentia falta de alguém para conversar e como andava falando consigo mesmo...Antonio e Albuquerque em franco diálogo...

O tempo passava, três meses de paisagem belíssima e vazios d'alma. Os silêncios eram tão profundos que se pegou conversando, uma conversa de mão única com um peixe. Depois que o pobre morreu, teve sentimentos mórbidos, pois esperou pacientemente que após falar, falar e falar observando a boquinha do mesmo se abrir e fechar, como se ele estivesse confabulando com ele, até paralisar completamente. Fora desnecessário impor aquele tormento, se colocou no do lugar do peixe, se imaginou sufocando e não gostou da sensação, sentiu-se mal com o ocorrido.

Esgotavam-se os segundos dos meses se passando, a camiseta nem mais existia, para poupar o short salgado e duro ele andava nú, seu corpo alvo agora era bronzeado por igual, sua barba era longa e vivia trançada, seus cabelos ralos e claros rarearam ainda mais, a solidão imperava no peito e nem sinal de qualquer embarcação ou avião...dois anos naquela ilha perdida...estava magro e desidratado e não mais se importava se era dia ou noite, não  fazia mais diferença...

Acordou um dia sentindo-se muito bem, sob um céu azul cheio de brancas nuvens, cercado de pessoas conhecidas e desconhecidas vestidas de branco, todas sorrindo caminhando sobre um mar de flores coloridas sem ondas, o ar tinha um aroma adocicado delicioso, muitas palmeiras com brisa amena balouçando suas folhas, seu paraíso particular... 



* Imagem - Fonte - Google
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Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 25/07/2020
Código do texto: T7016374
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