Eu sou o Monstro da Criatividade…

De novo começava por um título quando ele pensou em uma de suas personagens preferidas… alguns confundiam com personalidade, ele mesmo às vezes se confundia, mas pudera, continuava sendo humano…

Sara estava espantada. Junto de Alegria, seu fiel sentimento que a mantinha em sanidade, descobriram em um canto escuro e longinguo de sua cabeça, depois de passar por diversos caminhos extravagantes, de paisagens imprecisas, não sabiam se aquilo era uma natureza de árvores e cheiro de umidade, de quando em quando se era neblina, noite ou dia…

Sara se lembrava de quando era criança, brincava de tantos jogos e atividades em que ela precisava as vezes usar a destreza de seu corpo miudo, passar por lugares apertados e entrar em armários que nenhum outro primo ou amiga ou quem estivesse brincando com ela conseguia entrar… outras vezes passava horas pensando sobre tudo, e tudo é tudo mesmo! De como uma formiga pode carregar tanto peso, até a magia de ver estrelas no universo e saber que são “planetas”… e outras numerosas vezes estava desenhando e pintando sobre esse “tudo”… um de seus passatempos favoritos…

Porém para Sara, isso parecia distante agora que ela estava um tanto “perdida” sem saber se faria um vestibular, se tentava viajar pelo mundo ou arrumar um emprego qualquer pra sustentar sonhos de consumo material…

Para Sara, seus sentimentos estavam sempre em profusão, tomavam forma e não raramente ela perdia o controle deles… Mesmo que soubesse que podia domá-los, afinal eram seus monstros, vinham de dentro de si… Algumas vezes podiamos vê-la quietinha também, sem fazer nada de nada, talvez em um cantinho escuro… não que estivesse triste, não era a Tristeza dominando… era a quietude… uma forma abstrata que ainda não tinha se definido para Sara…

No entanto o espanto de Sara era por que aquele ali ela reconhecia. Já havia se dado com ela, se divertido muito quando criança. Também se lembrava da adolescencia na escola quando aconteciam as feiras de ciências ou de artes, ela era uma das alunas, senão brilhante, das mais inventivas! Para ela não importava os prêmios, mas como foi gostoso e legal ter achado uma solução diferente de todos, levando os professores a darem a ela algumas menções honrosas…

Ela se encolheu ali junto daquele monstro, Alegria estava naquele momento em paz, serena, agora era o Sossego… a mão dela acariciou a forma engraçada de pato que Sossego tinha e os dois caminharam lentos até aquela luz fraca em algum ponto em toda aquela negritude bonançosa…

O monstro levantou a cabeça e demorou um pouco para se reconhecer. Quando cruzou seus olhos com Sara ficou muito feliz. Sara sentiu um frio danado na barriga e não sabia quem era aquele sentimento que queria dominá-la novamente. Ela não temia, sorria, Alegria voltara, eles tinham encontrado com a… Criatividade!