De profundis...

*

Encontraram-se depois da morte, almas amigas, companheiras de viagem: Odiosa e Odiada. Reconheceram-se por um breve momento e se tocaram nas mãos.

Odiosa, a mais velha, disse:

-Nem me lembro mais desde quando lhe conheço. Mas reconheço minha falta. Perdoe-me por ter lhe causado tantos transtornos em sua vida, por ter lhe dado tantas amarguras e mágoas. Foi meu jeito infeliz de viver.

A mais moça, que era a Odiada, respondeu:

-O esquecimento é a única vingança que conheço, é o meu perdão. Já não me lembro mais de nada. Mas aqui estamos nós, juntas como antes.

-Agora sei que me perdoaste, disse a alma Odiosa, porque esquecer é perdoar. Prometo que irei esquecer também.

E a Odiada falou devagar:

-Enquanto durar seu remorso, durará a sua culpa, a sua lembrança de toda a inveja e de todo o mal que fez para mim.

Moral da história: Feliz o que perdoa os outros e o que se perdoa a sí mesmo.

MIRAH
Enviado por MIRAH em 21/01/2019
Reeditado em 29/01/2019
Código do texto: T6556194
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