O futuro de Aurelinho
Aurelinho nunca fora de dar dor de cabeça para sua mãe. Educado, comportado e sempre às leituras e aos inventos sempre dedicado. E isso o afastara da corrente central que era crescer, até que fosse com alguma rebeldia, arrumar um trabalho depois dalgumas encrencas, casar-se e se mudar.
E prestes a chegar aos 40, Aurelinho foi chamado pela mãe que o intimou a se casar. Deixar de lado aquela coisa perigosa primeiro, que era o seu ultra-leve, e arrumar uma moça logo e a levá-la ao altar.
Sem querer contrariar a progenitora que só o bem lhe queria, mas contrafeito com a urgência que a impelia, Aurelinho obedeceu em todos os quesitos. Vendeu o aviãozinho, arrumou moça da sua idade, trabalhadeira, bonita e dedicada e pronto. Estava, consoante o desejo da mãe, pronto para ser feliz e conjugar um venturoso futuro.
E esse relato me fez o Aurelinho, mal me conhecendo, seis anos depois dos eventos. E com um risinho irônico rematou:
- Fiz tudo conforme a mãe queria. E menos de seis meses depois ela morreu. Tem base?