Conjugação conjugal
Papai fora namorador, no dizer de seus contemporâneos. Articulado e bem apessoado, chegou a ganhar o apodo de Luiz troca-turma, acompanhado que andava na frequência com que entrava e saía da fapa, a fábrica no linguajar brumadense. E isso sem falar no seu gosto pelas danças.
Mas foi só a guerra acabar pra ele levar a menina Zezé ao altar. Fiado também na promessesperança de que ela pararia com as suas risadas espalhafatosas. E foram morar ambos na casa de vovó Inhana, que já tinha quatro filhas solteironas e o filho Antônio, todos ligados ao cordão umbelical da fapa...até que lhes saísse a casinha da rua do Quenta-sol, uns quatro anos dispois...
Do gosto dos bailes é que não parecia ter jeito de Luiz se desmamar. Distração nem sempre diz traição, mas como se livrar da suspeição...?
Rindo menos, a juvenil Zezé continuou ciosa de suas obrigações na estrita pontualidade dos apitos da fapa e do zelo pelo quartinho que virara seu lar.
Ao entrar para pegar aquele turno das seis às dez da noite, deixou passadinho o terno esverdeado de Luiz, a ponto dele, ao chegar de seu expediente, perguntar à mana Isabel se aquilo era obra dela...Não, não era.
E na saída do turno das 10, com o corpo suado, e algodoado, com quem se deparou Zezé, batendo papo com o Zé Lope, junto à linha férrea que tinha que atravessar na volta pra casa: na linha, em todo alinho, era o Luiz...o que fê-la perguntar se não iria pro baile.
E o Luiz, mais que feliz, respondeu:
- Qual o quê, vou é subir com você...!